segunda-feira, 14 de junho de 2010

O naufragio da terceira via

Contrapondo quase que na contramão ao que se falava então sobre as articulações para as candidaturas a governador em MT afirmei que considerava quase impossível a construção de uma terceira via. No meu entender a disputa iria desaguar em dois grandes blocos um de governo e outro de oposição. Ao que tudo indica os últimos acontecimentos mostram que estou com a razão. Volto agora a repetir os mesmos argumentos que usei em novembro de 2009 e reafirmar que esse caminho, de uma terceira via em Mato Grosso pelo menos para essa eleição,apesar dos desejos do empresário Mauro Mendes e do deputado Percival Muniz está interditado.
Continuo considerando que na medida em que os blocos de poder ganham nuances cada vez mais nacional, aqui na província ficam difíceis movimentos consistentes de rebeldia política. Por mais que os críticos da gestão do presidente Lula esperneiem uma pauta de governo foi estabelecida e o ponto de partida da disputa, em qualquer recanto desse país, é essa pauta. No Mato Grosso não é diferente e desde quando o governador Blairo Maggi no segundo turno de 2006 passou a apoiar o projeto de Lula assumiu o ônus e bônus dessa pauta. Se essa pauta é boa ou não para o Mato Grosso ou para o Brasil só o tempo histórico dirá.
Agora qualquer menino ou menina que esteja começando a fazer política seja no movimento estudantil, no movimento de bairro ou em qualquer outro lugar social está começando a aprender que política é compromisso. Compromisso feito e refeitos segundo interesses objetivos. Quem não entender essa lógica é provável que fique pelo meio do caminho. É verdade que os interesses postos nem sempre ficam claros, tantos são os mecanismos de dissimulação que cercam a luta política.
Pouco acostumados a seguir a orientação dos partidos temos tido todo um comportamento político em que muitos quadros partidários agiam, nos processos eleitorais, motivados segundo suas convicções individuais.Isso para não falar dos que agiam impulsionados apenas por seus interesses e conveniências. Por mais legítimas que fossem essas convicções e interesses. Ou ainda, vá lá, as conveniências.
Ainda não temos nesses nossos tenros anos de vida democrática a consciência que um quadro partidário, seja ele um dirigente, um militante ou mesmo um filiado tem que ter compromisso com o que foi decidido coletivamente nos fóruns partidários. Não faz parte da natureza de qualquer partido político admitir que uma vez tomada à decisão ela não seja posta em pratica por todos. No passado até era tolerado hoje isso acontecendo esta aberta a porta para a derrota eleitoral.
Claro que essa regra não se aplica ao cidadão ou cidadão que não tem filiação ou militância partidária orgânica, que não é quadro dirigente de partido. Enquanto cidadão ou cidadã individualmente, ele ou ela é absolutamente livre para tomar a decisão que bem entender em relação as suas escolhas eleitorais. Agora quando se faz a opção de livremente se filiar a um partido as coisas mudam. Essa é regra básica em sociedades em que a disputa pelo poder de governar o Estado se fundamenta em uma democracia política organizada em partidos.
As recentes escaramuças que estão inviabilizando a aliança PPS-PDT-PSB com acusações fortes dirigidas aos adversários demonstram que nesse estagio em que se encontra a democracia política no Brasil são pura tolice. Blocos de poder tendem a ser monolíticos, não admitem fissuras. O que explica os “rachas” nesses partidos com lideranças se insurgindo publicamente contra essa articulação e com a tendência das direções nacionais procurando fazer valer o que for decidido nacionalmente.
No presente caso mais uma vez se repete a historia de que é difícil servir a dois senhores. Emblemático ele serve para mostrar que está em curso um processo de fortalecimento de partidos de abrangência nacional. No meu entender isso é saudável para a democracia. Impossibilitado de embarcar simultaneamente com armas e bagagens no barco do Serra e Dilma, Mauro Mendes e seus aliados vão certamente naufragar.