domingo, 25 de abril de 2010

A eleição presidencial 2010 e as atuais tendências

Analises como essa do professor Marcus Figueiredo do IUPERJ tem sido uma raridade no atual momento politico da luta eleitoral para a presidencia. Transcrevo aqui no blog os trechos de seu artigo que mostra suas considerações a partir da leitura que fez do resultado das pesquisas realizadas pelos principais institutos do país. Uma analise como a dele, nesses tempos ainda de paixões exarcerbadas, que procura mostrar com objetividade os dados da realidade e procura compreender as tendencias reveladas por esses dados é como apontei acima uma raridade. Vale a pena ler e refletir sobre o que ele considera relevante no atual processo de disputa.

MFVMotta

"Quem for identificado como o pai dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a disputa"

Marcus Figueiredo, especial para o iG 25/04/2010 07:56


"A eleição presidencial que se avizinha tem algumas características importantes. É a primeira pós-88 sem a presença de Lula como candidato. Desde 1989, Lula se apresentou como oposição à hegemonia liberal-conservadora que sempre governou o país, com o interregno do Presidente João Goulart, 1962-64.
Os dois mandatos do presidente Lula que se encaminham para terminar deixarão como legado um ciclo virtuoso com forte viés nacionalista-desenvolvimentista mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista (nos dois mandatos) e do regime militar, por terem sido altamente conservadores. O que lhe dá esta marca, mais à esquerda, são o viés em favor das classes mais baixas através das políticas de desenvolvimento social e uma política econômica de rígido controle monetário, para o controle da inflação, da mesma forma que caracterizou os partidos sociais-democráticos europeus. Por esta razão Lula mantém recorde de popularidade e o PT tornou-se o mais preferido junto ao eleitorado, independentemente de seus seguidores terem consciência ideológica desta natureza.
Mais do que uma conversão ideológica, os “descamisados” que votaram em Collor, contra os “marajás”, e depois em Fernando Henrique Cardoso, pela estabilidade econômica com o Real, em 2006 votaram em Lula, pelo crescimento econômico e pela ascensão social – leia-se queda na taxa de desigualdade.
Neste clima de otimismo o eleitorado vem declarando nas pesquisas sua preferência em votar na continuidade, onde mais de 50% já declararam estar disposto a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade, posto que em nenhuma das 20 pesquisas já publicadas, desde fevereiro de 2008, nenhuma delas fez a pergunta, simples: quem representa a continuidade?
Esta questão no cenário político-eleitoral é de fundamental importância. Estando o clima de opinião centrado na continuidade o discurso da mudança não tem chance de cativar a maioria dos eleitores. Da mesma forma que em 2002, o clima de opinião era pela mudança a continuidade, de FHC, não teve chance. Naquela eleição, José Serra terminou com 38% dos votos, apesar de em sua propaganda ter centrado seu discurso na mudança ele era identificado pelo eleitorado como representante da continuidade de FHC.
A terceira característica dessa eleição está, neste momento eleitoral, na alta taxa de competição política entre as candidaturas de Serra e Dilma, mais do que na competição eleitoral propriamente dita, o que mostrarei mais adiante.
Desde fevereiro de 2008 e durante todo o ano de 2009 os nomes de ambos fazem parte das pesquisas e do noticiário político como “virtuais” candidatos. Esta confirmação deu-se ao final de março quando ambos se descompatilizaram de suas funções executivas para se candidatarem, como manda a lei.
A partir do momento em que Lula apresentou Dilma como sua candidata o PSDB movimentou-se em torno dos nomes de Serra e Aécio. As disputas políticas tanto no PT quanto no PSDB foi intensa e a disputa ente os dois partidos, também intensa, produziram farto material no noticiário político, tendo seu ponto alto, ao final de 2009, quando Fernando Henrique desafiou Lula para o confronto entre os dois governos. Desafio aceito por Lula. Este confronto aberto virá mais adiante, depois de junho quando as candidaturas estiverem oficializadas perante o TSE. Por enquanto este confronto está no âmbito do noticiário político e em poucos eventos, como os dos lançamentos oficiosos das duas candidaturas ao final de março.
Apesar disto, já é perfeitamente fácil de identificar a natureza política dos dois discursos que estarão em disputa.
A candidatura de Dilma já construiu seu discurso pela continuidade, que é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula) – acrescentar a frase “mais e melhor” é pura retórica. O discurso da candidatura Serra segue raciocínio quase idêntico: o ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC, portanto o governo Lula passa a ser o “filho bastardo” que nega a herança. Acrescentar a frase “mais e melhor” a este ciclo virtuoso é pura retórica.
Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político, a divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o pai do sucesso, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a eleição.
Comparando com as máximas das eleições americanas temos: nos Estados Unidos, o sucesso na economia e na guerra garante a eleição; entre nós, as máximas estabelecidas pelas eleições de FHC e Lula foram o sucesso na economia e na ascensão social. A eleição de Collor teve um efeito extraordinariamente excelente: para os “descamisados” os “salvadores da pátria” não têm mais vez, são pura empulhação.
Eleitoralmente, comparando as pesquisas mais recentes – da Sensus, do Datafolha e Ibope, podemos observar que as intenções de voto apuradas indicam uma situação de tendências ao empate técnico entre Dilma e Serra. "
Neste momento político as variações apontadas pelos diferentes institutos só servem para gerar manchetes e reportagens jornalísticas, pois o eleitorado entrou na fase crítica de “ponto de espera”: um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível.
Como se diz no jargão dos pesquiseiros, “o jacaré ainda não fechou a boca”. Se as simulações estatísticas aqui demonstradas valem alguma coisa para projetar cenários futuros, estes apontam uma ligeira tendência a favor da candidatura Dilma, posto que ela tem, a demais, do seu lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso que experimentos – a economia e o desenvolvimento social.
Marcus Figueiredo é professor adjunto do IUPERJ - Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro

sábado, 24 de abril de 2010

Ciro Gomes

Hoje o noticiario politico esta carregando de frases e informações sobre a desistencia de Ciro Gomes de sua candidatura a presidencia. Até agora não entendi o que aconteceu. Na minha avaliação ele acenou que seria candidato ao governo de São Paulo no momento em que transferiu seu titulo para aquele Estado. Ainda que reafirmasse que seria candidato a presidencia não fechou as portas para uma possivel candidatura ao governo de São Paulo. Como continuou a so bater no cravo e esqueceu de bater na ferradura sua possibilidade de sair candidato por São Paulo acabou ficando, pelo menos até agora, inviabilizada.
Certamente seria ele o unico candidato com uma retórica capaz de enfrentar os tucanos de alta plumagem encastelados no governo de São Paulo. Sem uma liderança de massa em São Paulo capaz de elaborar um discurso de enfrentamento aos tucanos paulistas o PT vai enfrentar dificuldades para disputar o governo do estado e ampliar o palanque de Dilma.
Com a saida de Ciro da corrida presidencial o desenho da nuvem da politica brasileira vai tomando o formato plebiscitario antevisto pelo presidente Lula.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

VESPERAS

Começou a temporada de escandalos estourando no colo de governistas. Em Mato Grosso insinua-se mais uma vez que Valdebram Padilha age sob o comando de Abicalil, Alexandre Cesar e agora tambem de Silval Barbosa, no recente escandalo da FUNASA. Essa de considerar que todos os governos tem seu mar de lama é uma tradição da cultura politica brasileira de oposição. Da UDN lacerdista ao PT de Lula em todas as vesperas de eleições mergulhava-se adversarios e desafetos no mar de lama da corrupção politica e economica.
MFVMotta