quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Analfabetismo e Consciência Política

Garoto nordestino Francisco Everardo Oliveira Silva como milhares de outros garotos do seu tempo não teve acesso a escola. Se teve foi de forma precaria como milhões de crianças que tem origem no mesmo lugar social e economico que ele. Artista de circo, semianalfabeto e dono de um talento capaz de mobilizar com sua criatividade aprendida e desenvolvida nos picadeiros da vida mais de um milhão de eleitores e eleitoras do estado de maior desenvolvimento economico do pais.
Artistas populares nordestinos que ficaram fora da escola não é novidade na cultura popular da região. Talentos da sua e de outras gerações que não frequentaram os bancos escolares não foram impedimento para que com criatividade e brilho produzissem um trabalho notavel e contribuissem como poucos para a riqueza da cultura popular desse pais.
Artistas populares de baixa escolarização e de grande talento costituem uma imensa legião de poetas, musicos, artistas plasticos e artesãos. Destaco entre uma lista que poderia ser interminavel os nomes de Patativa do Assare( grande poeta das dores e amores do sertanejo ) Luiz Gonzaga, Mestre Vitalino, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Pinto de Monteiro
A concepçao do analfabeto como incapaz tem raizes no Brasil da segunda metade do seculo XIX quando ainda no imperio foi aprovada a primeira lei que restringia o voto do analfabeto. Medida essa que foi incluida em 1891 na primeira constituição republicana. É bom lembrar que o primeiro censo feito no Brasil republicano registrava uma população de 70% de adultos analfabetos.Os que estavam nessa condição necessariamente ficavam de fora da possibilidade de participação nos poderes de estado que eram escolhidos pelo voto.
Essa imensa massa de homens e mulheres considrados incapazes passam a ser tutelados pela elite letrada formada basicamente por bachareis em direito e medicos. Foram necessarios cerca de cem anos para que o direto ao voto fosse universalizado pela constituiçaõ de 1988 que finalmente reconheceu o direto ao voto do cidadão e da cidadã que não são alfabetizados.
Esse entendimento do analfabeto como incapaz começa a mudar a partir da emergencia dos movimentos de educação popular que passa a compreendeer o analfabeto como um sujeito responsavel pela geração de riquezas e possuidores de conhecimento e sabedoria que os caracterizaria como pessoas responsaveis pela sua propria vida e pelo seu destino .Nessa perspectiva o exemplo daqueles trabalhadores que mesmo analfabetos ou semi alfabetizados se tornaram mestres em seus oficios. Ao longo de todo o seculo xx era comum encontrar mestres de obras, pedreiros, carpinteiros, marceneiros, mecanicos e mais um sem numero de profissionais competentes que não tinham tido acesso a escola. Analfabetos muitas vezes sim mas não incapazes como pregava o ideario da elite letrada do seculo XIX.
Ainda que tenham conquistado o direito ao voto permanece essa exdruxula proibição que impede quem não é alfabetizado possa ser votado. É espantoso que em pleno seculo XXI a sociedade continue considerado o analfabeto como “incapaz” politicamente. Como se o fato de não saber ler e escrever o torne incapaz de realizar uma leitura do mundo suficientemente critica que não lhe permita tomar decisões de interesse publico no parlamento.
É necessario que se tenha claro que não é o menor ou maior nivel de escolarização que determina a consciencia politica de quem quer que seja. A consciencia politica é fruto do entendimento que se vai construido ao longo da vida em torno de opções relacionadas com interesses economicos,sociais e culturais. É esse mergulho no cotidiano da existencia que vai forjando a consciencia politica de homens e mulheres. Não é a toa ou por acaso que a opção por candidaturas do eleitor ou da eleitora analfabetos coincidem com a daqueles do maior nivel de escolarização.
Ainda que se possa como a professora Zelma Madeira considerar que como artista popular ele partilha codigos de uma cultura racista e sexista, considero que isso não lhe tira a legitimidade como cidadão apto a repressentar sua imensa massa de eleitores e eleitoras
Os meus respeitos ao palhaço Tiririca que demonstrou ser um artista popular amado por seu povo conquistando pelo voto popular um mandato de deputado federal. Parabens meu estimado palhaço espero que a elite letrada não usurpe seu mandato legitimamente obtido pelo voto livre e democratico depositado pelo povo nas urnas.
Manoel F V Motta

domingo, 19 de setembro de 2010

A nova bancada de Senadores de Mato Grosso

A disputa para o Senado em Mato grosso nessa eleição é emblemática. Ela revela um quadro que pelo perfil dos candidatos temos uma síntese daquilo que poderíamos chamar de tendências do que são as candidaturas tanto do ponto de vista político quanto ideológico. E nessa perspectiva a analise das possibilidades eleitorais dessas candidaturas permite que possa ser feito também uma prospecção do papel político que cada um desses personagens, que encarnam essas candidaturas, pode desempenhar no Senado da republica.
Ao observarmos as candidaturas postas pode-se verificar que pelo menos duas delas podem ser definidas como nitidamente do atual bloco governistas e assumem perante o eleitor o compromisso de alinhamento com a bancada de governo caso o mesmo seja reeleito São elas a do ex-governador Blairo Maggi candidato do Partido da Republica(PR) e a do deputado federal Carlos Abicalil do Partido dos Trabalhadores(PT) .
Duas outras se posicionam nitidamente como de oposição ao atual governo e se esse for derrotado irão compor o que vira a ser a bancada de um novo bloco de governo. A primeira delas é a do ex-senador Antero Paes de Barros do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que no primeiro mandato do presidente LULA se destacou como um dos críticos mais destacados desse governo. A segunda é a candidatura dos Democratas (DEM) que tem como candidato Jorge Yanai que certamente, caso venha a ser eleito, seguirá a mesma orientação da candidatura do PSDB
Têm-se também as candidaturas da aliança PSB/PDT/PPS/PV que faz uma mistura entre política e ideologia que as coloca em uma situação indefinida que tanto pode remeter a uma composição com a bancada da aliança da Dilma como com a bancada do Serra. São as candidaturas de Pedro Taques pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e do candidato pelo Partido Verde(PV) Naildo Lopes
Por fim têm-se as candidaturas ideológicas que têm expressão política, como a do PSOL, mas não tem expressão eleitoral e aquelas que historicamente costumam ter pouca expressão política e eleitoral e que na pratica servem do espaço publico possibilitado pelos pequenos partidos para entrada no cenário político de lideranças e personalidades quase sempre pouco conhecidas.
Entre as candidaturas postas quatro delas aparecem se tomarmos como referencia o resultado das ultimas pesquisas de intenção de voto, como aquelas que de fato estão disputando corações e mentes do eleitor em Mato Grosso. Caso se confirme essa tendência a bancada do estado no senado terá um perfil marcado pelas características dessas personalidades.
Ao contrario da eleição passada quando o DEM elegeu o senador Jaime Campos através de uma aliança em que conviviam forças governistas e de oposição ao governo Lula. A questão a que bancada a eleição de um senador pelo DEM em Mato Grosso se alinharia não foi posta claramente no debate. Quadro tradicional das forças conservadoras do estado e refém das amarras impostas pela fidelidade partidária Campos não teve alternativa que não o de alinhamento com as forças de oposição ao governo Lula. Ainda que sem o brilho e a veemência do seu outrora adversário Antero Paes de Barros do PSDB.
A se confirmar os resultados das pesquisas dessas ultimas semanas certamente o candidato do PR o ex-governador Blairo Maggi será eleito senador pelo Mato Grosso. Caso Dilma venha a ser eleita certamente o ex-governador, um dos políticos mais experientes e habilidosos desse estado, por não pertencer ao partido da presidente e em razão de suas raízes econômicas e sociais fará parte da bancada governista moderada. Aquela que é fundamental para a governabilidade, imprescindível nos momentos de negociação e articulação política. Em caso de um governo Serra esse perfil de político moderado e por pertencer a um partido que tende a se alinhar com as forças governista é possível que transitasse de uma oposição moderada a uma postura governista sempre na defesa dos interesses econômicos e políticos dos setores e das frações de poder que representa.
Segundo nome da aliança governista Carlos Abicalil do PT é um quadro de partido. Algo tradicional na esquerda o compromisso e o vinculo com o partido é quase uma novidade na cultura política brasileira. O recente episodio da disputa interna que acabou por indicar seu nome para disputar a eleição para o senado é revelador disso. Disciplinado, sabe da importância que tem o partido na luta política e procura seguir suas regras. Em um governo Dilma estará sem sombra de duvida perfilado a bancada governista junto com o seu partido o PT. Caso contrario estará inevitavelmente fazendo uma aguerrida oposição a um governo do PSDB.
Transparente em sua posição de adversário do governo Lula, ainda que um dia tenha sido um dos parlamentares do PT, Antero Paes de Barros não deixa duvida em relação ao papel que cumprirá no Senado caso seja eleito. Critico severo e implacável de um possível governo Dilma e zelosa bancada situacionista de um governo comandado por Serra. Sua posição caso seja eleito não será surpresa para ninguém.
Dificil de prever é qual será a posição do candidato Pedro Taques do PDT no senado. Com um discurso fundamentado em cima do que poderiamos classificar de maximas, ou em uma liguagem mais filosofica de aforismas morais, não da para saber muito bem qual é o seu projeto politico.Até agora é um enigma para o observador dos projetos que estão em debate. A que governo e a qual oposição remete o seu projeto? A qualquer um ou a nenhum? Ainda que o seu partido nacionamente apoie a Dilma a coligação a que pertence o candidato no estado é um amplo e heterogeneo palanque que vai de Dilma a Marina passando por José Serra. Alem do que o candidato provavelmente por sua origem no poder judiciario acaba tendo uma postura de que por suas posições politcas pode se colocar acima dos partidos. Fica o enigma.
É bom lembrar que o mandato no senado tem a duração de oito anos e o eleito irá atravessar os proximos dois governos. Ainda que não possa ser muito claro para a grande massas de eleitores essa questão de saber em qual bancada ficara o candidato após a eleição é fundamental não só para governabilidade mas para a definição de pontos polemicos que certamente estarão na pauta do senado nesses proximos anos.

Manoel F V Motta.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O aceno à velha politica

Jornalista com larga experiencia na reportagem e na editoria de politica na imprensa de Mato Grosso Kleber Lima escreve um dos textos mais desmistificadores sobre o recorrente discurso dos que se apresentam como o "novo" em politica. Sua analise se coloca com a lucidez de quem possue argumentos solidos para explicar o que de fato ocorre no processo eleitoral. Seu texto reverencia com o respeito que merece duas das personalidade mais experientes da historia politica recente desse territorio misterioso, enigmatico da conquista do voto popular (MFVMotta)

O aceno à velha política

É curioso como alguns processos políticos se repetem, como um pião girando em torno de seu próprio eixo. O discurso eleitoral de quem está começando é um desses casos. No afã de diferenciar-se dos que já estão estabelecidos, os noviços praguejam quem já está nas lides políticas há mais tempo excomungando-os como se fossem verdadeiros anti-cristos. Se esquecem que ao nivelar tudo por baixo acabam prejudicando-se a si mesmos, ou, em outra hipótese, não têm divergências concretas contra quem criticam. Apenas e tão somente desejam seus lugares. Alguns candidatos fazem desse clichê o núcleo de seus discursos eleitorais este ano. Vemos candidatos a deputado estadual que certamente nunca foram sequer a uma sessão da Assembléia Legislativa falar bobagens e mais bobagens, partindo sempre do mesmo lugar-comum: que os atuais deputados são velhos, ultrapassados, etc. Não sabem, e talvez nunca venham a saber, que o novo ou o velho em política não se mede pela idade nem pelo tempo que o sujeito atua na área, mas por suas práticas, pelo modelo de representação que adotou, por seus princípios. Os casos mais graves, contudo, são de outros que já não são tão estreantes assim, mas se utilizam do mesmo expediente de apequenar seus concorrentes para poderem se comparar. É uma tática antiga de quem, por exemplo, costuma não ter virtudes suficientes para justificar-se. Em português caboclo, defendem a tática do “se a sua luz não brilha, ofusque a luz dos outros”. Já no campo das disputas majoritárias, habitat impróprio para novatos e amadores, a tática é também utilizada, mas não ingenuamente como nos casos anteriores. Dessa vez é puro erro de cálculo, simples equívoco na estratégia, ou crua maldade no enfrentamento dos adversários. Esta semana uma notícia veiculada na imprensa chamou a atenção para essa tática dos novatos. O candidato ao Senado Pedro Taques, useiro e vezeiro dos ataques ao que chama de “velha política”, encontrou-se com Júlio Campos num arrastão em Várzea Grande. Acenou-lhe efusivamente e sua assessoria apressou-se em divulgar que Júlio teria lhe declarado seu voto pessoal. No mesmo dia, Júlio, também por meio da sua assessoria, desmentiu a informação, e afirmou que apenas retribuiu ao cumprimento por uma questão de educação. Ao que tudo indica a tese de Pedro Taques não resistiu ao primeiro teste fora das telinhas da TV e das ondas do rádio, na vida real. Ao divulgar o aceno com Júlio Campos, Taques quis valorizá-lo como um ativo para sua campanha. O flerte, contudo, foi ridicularizado pela negativa de Júlio. Moral da história: a velha política pode ser boa, desde que seja a nosso favor. Candidato a governador de Taques, Mauro Mendes também usa o discurso de ataque à “velha política”. Uma das suas peças de campanha mostra José Riva, Carlos Bezerra e Pedro Henry, entre outros, ao lado de Silval Barbosa, tentando combatê-lo por suas companhias. Não revela, no entanto, que Bezerra, Riva e Henry estavam no seu palanque na eleição de 2008 em Cuiabá, tampouco que foi visitar a esposa de Riva, quando a dona Janete foi presa recentemente, e muito menos que estava muito seduzido para ser o vice de Silval 70 dias atrás. Moral da história: a velha política só não serve quando não está a nosso favor. Não se pode classificar Pedro Taques e Mauro Mendes de ingênuos. Em seu favor podemos dizer apenas que são neófitos em política. Mas isso não os redime das contradições apontadas acima. Talvez suas práticas oportunistas e incoerentes os tornem até mais velhos que a “velha política” que tanto combatem da boca pra fora. Se prosperarem em suas carreiras na política, logo terão que tomar uma decisão importante: sair da política após cumprirem seus primeiros mandatos - sob pena de se tornarem eles próprios a “velha política” – ou reformularem radicalmente seus pontos de vista. Uma coisa parece ser mais evidente: Taques e Mauro, embora desejem entrar na política como anti-políticos dificilmente conseguirão carreiras tão exitosas como as de Bezerra e Júlio.

* KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Questão do Aborto no Processo Eleitoral em Mato Grosso

Banalizar um tema da maior seriedade como o do aborto na base do á favor ou contra é um profundo desrespeito ao sofrimento de milhares de mulheres que tiveram um dia de se submeter à interrupção de uma gravidez. Imagino e apenas só imagino, pois a natureza de minha condição masculina impede de vivenciar esse sentimento, a angústia, o medo, a solidão e a dor da imensa legião de mulheres que tiveram que fazer essa opção.
O que leva uma mulher a interromper uma gravidez? Por que uma gravidez se torna algo tão indesejado para uma mulher que se vê forçada a interrompê-la?
Invocar apenas razões religiosas e morais nesse debate é insuficiente. Qualquer pessoa com responsabilidade social e política sabe que a questão é muito mais profunda. O que está posto em discussão nesse momento é uma possível modificação na legislação que implicaria em sua descriminalização. Essa é uma pauta que não da para escamotear utilizando apenas argumentos fundados na religião e na moral. É necessário que se diga que não esta em discussão no congresso um projeto Herodes para que inocentes mulheres grávidas sejam indiscriminadamente submetidas a abortos forçados.
Sei que no calor da disputa eleitoral apresentar o adversário como um possível defensor de uma indiscriminada matança de indefesos e inocentes fetos e se apresentar como um paladino em defesa de românticas gestações bem sucedidas de lindos e sorridentes bebezinhos é uma tentação para candidatos e marqueteiros que gostam de ver o circo pegar fogo.
A idéia é que esse tipo de postura possa render uma meia dúzia de votos de homens e mulheres religiosos e de boa fé que por suas convicções não concordam com interrupções da gravidez. No meu entendimento essa postura não ajuda ao debate democrático de questão.
A realidade do aborto nesse país é um fato que preocupa os profissionais de saúde da mulher. Dados de entidades como os da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Estatística revelam que 25% das mulheres em idade reprodutiva já abortaram pelo menos uma vez. É uma leviandade política e moral não levar em conta esses números no debate em curso no congresso.
De maneira silenciosa e clandestina sua pratica, afirmam esses profissionais, reproduzem o lugar social de onde elas vêem. As mais endinheiradas recorrem aos préstimos de profissionais que aceitam realizar na ilegalidade essa pratica ou viajam para o exterior e interrompem a gravidez em países em que o aborto é permitido. As imensas legiões das mais pobres vão engrossar a perversa estatística de abortos clandestinos feitos em condições sanitárias precárias e com riscos de morte.
A decisão de se submeter ou não a um aborto é em ultima instancia da mulher. Ela é que dá a ultima palavra sobre o prosseguimento ou não da gravidez. Afinal é no seu corpo que se desenvolve a gestação. Essa decisão que pela legislação atual implica em pratica criminosa conduz uma multidão de mulheres a um território de risco. Condenadas desde o momento de sua decisão a guardar silencio durante o resto de suas vidas, a carregar o peso de ter desobedecido à lei e a execração moral pela tradição religiosa.
Tenho o maior respeito e carinho por todas as mulheres que um dia por alguma razão tiveram que interromper em risco e sofrimento a gravidez.
Manoel F V Motta – Analista político, doutor em educação e professor da UFMT

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Festival Calango e a Era Digital

Na primeira metade do seculo XX o filosofo Walter Benjamim se espantava com a velocidade de difusão que a reprodutilidade da obra de arte permitia. Jovem,filha da primeira geraçaõ do seculo XXI Mariele Ramirez nos mostra com naturalidade como esses tempos digitais amplia essa possibilidade de reprodutibilidade e permite que a partir da periferia em lugares considerados teritorios "fora do eixo" é possivel articular talentos e difundi-los por essa imensidão quase infinita da blogesfera. (Manoel F V Motta)


O Festival Calango e a Era Digital

A internet impactou a forma de pensar do homem contemporâneo. No aspecto sócio-econômico, as mudanças implicadas são potencialmente as de maior impacto desde a Revolução Industrial, e afetaram profundamente a organização tanto da economia como da sociedade.

A tv levou cinquenta anos para se popularizar. A internet o fez em apenas dez. Estima-se que um em cada três brasileiros já estão conectados à internet, o que representa setenta milhões de pessoas em todo o país. Número que só vem aumentando. Pesquisas revelam que só em 2006, 12 milhões de computadores pessoais foram vendidos. Isso representa toda a população da megalópole Tóquio.

Com a popularização, a rapidez e a instrumentalização destas tecnologias no cotidiano de milhares de pessoas em todo o mundo, elaborou-se um conjunto de práticas sociais características do século XXI, pautadas em princípios como participação popular, interatividade, colaboração, compartilhamento, entre outras, próprias destes novos tempos.

Essa nova forma de dialogar vem alterando paradigmas certamente também no campo de negócios. O mercado da música brasileira, por exemplo, vive um momento ímpar no país hoje. As novas tecnologias digitais baratearam os custos de produção no setor, e promoveram amplo acesso aos produtos musicais gerados por cantores e grupos de qualquer época, em todo o mundo.
Através do então Napster, e depois, de outros softwares de downloads de arquivos, foi possível acessar qualquer fonograma em formato mp3 e outros disponíveis na web, a custos quase zero.

O resultado foi que a indústria fonográfica - que até a alguns anos era hegemônica no mercado musical - vem sofrendo duros golpes em virtude da queda nas vendas de CD`s. Para se ter uma idéia, segundo matéria publicada no site da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, os discos de ouro, que representavam 100 mil cópias vendidas, hoje representam 50 mil; e os de diamante que representavam 1 milhão de CDs vendidos, hoje equivalem 250 mil.

No contraponto a esse novo cenário experimentado pela grande indústria, é observado um contexto marcado pelo chamado fenômeno "Calda Longa". A Calda Longa assim intitulada pelo pesquisador Chris Anderson, é classificado como um processo de transformação do mercado dominado por poucos hits, para aquele marcado por inúmeros nichos e de micro-hits, o que nos faz pensar que foi-se a época em que uma música estourada nasrádios, ou que haverá mais grupos que abocanharão grande parcela do mercado. Ou seja, está em ascenção o fortalecimento do mercado da música independente e de iniciativas associadas em redes de relacionamento, ou redes sócios-musicais, como o Circuito Fora do Eixo, as Casas Associadas e a Abrafin.

A Abrafin, a exemplo dessas iniciativas, é uma Associação Brasileira de Festivais de Música Independente, que reúne cerca de 40 festivais de música em mais de 20 estados diferentes, e que faz circular por ano, mais de mil artistas e grupos do Brasil, América Latina e outros países do mundo.

Os festivais de música Os festivais de música independente são considerados uma das principais plataformas de circulação e distribuição da música independente brasileira contemporânea, convencionou-se afirmar, em virtude disso, que a nova cara da música brasileira passa por ali.

O Festival Calango faz parte desta rede sócio-musical nacional. É considerado um dos principais eventos deste circuito, sendo que em Mato Grosso, é o principal representante desta nova era de diálogo.

O Calango é um dos projetos que fazem parte do calendário de ações do Espaço Cubo, instituto cultural cuiabano que desenvolve trabalhos nas áreas de cultura, comunicação livre, artes integradas e economia solidária, com parceiros em todo o Brasil.

Em 2010, chega a sua 8ª edição, exibindo, mais uma vez, o que há de melhor na nova safra da música popular contemporânea produzida por artistas não vinculados a grandes e /ou médias gravadoras. Além dos shows, propõe o diálogo com outros campos da cultura, e também o debate sobre sustentabilidade e autogestão, evidentes nas oficinas, palestras, conferências, mostras, rodadas de bate-papos, atividades em escolas e uma e uma feira de tecnologia solidária com produtos culturais produzidos por profissionais ligados ao setor.

O Calango surgiu em 2001, em um período em que, o setor da música em Cuiabá era dominado pelo circuito cover de barzinhos. Desde então, o festival cresceu; deu palco a mais de trezentos grupos e artistas populares de todo país e América do Sul, especialmente os do chamado fora do eixo; ganhou visibilidade nacional; revelou grandes talentos cuiabanos para o Brasil, como o Vanguart e o Macaco Bong; e colocou aa capital de MT em papel de destaque em meio a produção cultural nacional.

Em 2010 uma das metas é intensificar ainda mais a proposta, promovendo uma grande mostra de artes integradas e tecnologia de gestão com ênfase na música independente

Mariele Ramirez

domingo, 1 de agosto de 2010

Ocupação da Hidreletica de Dardanelos em Aripuanã em Mato Grosso


Severino Motta unico reporter da midia nacional a cobrir o que aconteceu na hidreletica de "Dardanelos" em Aripuanã no MT esta semana realizou reportagem sobre a ocupação feita pelos povos indigenas da região no portal ig.com.br e que reproduzimos a seguir:


Iphan deve criar museu indígena em Aripuanã


No local serão exibidas cerâmicas e urnas mortuárias encontradas na propriedade da usina de Dardanelos

Severino Motta, enviado a Uripuanã | 28/07/2010 05:03


O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deve criar um museu para abrigar peças indígenas encontradas no terreno da usina hidrelétrica de Dardanelos. O material, que está atualmente na capital de Mato Grosso - Cuiabá - deve ser transferido para o noroeste do Estado e ficar em exposição permanente.

O museu será o resultado de um estudo étnico-arqueológico a ser realizado numa parceria do Iphan com o Consórcio Águas da Pedra, responsável pela construção da usina de Dardanelos no município de Aripuanã (1000 km a noroeste de Cuiabá).
De acordo com o Coordenador de Pesquisa e Licenciamento do Iphan, Rogério José Dias, o material possibilitará uma maior compreensão dos povos que habitaram o noroeste de Mato Grosso há "tempos imemoriais".
O estudo e o museu foram parte do acordo feito pelos índios que ocupavam o canteiro de obras de Dardanelos para a desocupação do local. Devido às urnas mortuárias encontradas, os indígenas passaram a considerar a região como área sagrada.
Por isso, o espaço onde as peças foram encontradas deve ser isolado e nenhum tipo de construção poderá ser feito. "As peças que já foram retiradas vão para esse museu. O local será mantido intocável para preservarmos a história dos índios, afinal, ninguém quer que o cemitério onde estão seus familiares seja destruído com obras", disse Rogério.


Líder indígena defende invasão


Presidente da Organização indígena do noroeste de Mato Grosso disse que invasão foi única forma de obter acordo com governo e empresa

Severino Motta, enviado a Uripuanã | 28/07/2010 05:02


O presidente da organização indígena do noroeste de Mato Grosso, Jair Tsaibatatse, disse ao iG que a invasão do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Dardanelos, no município de Aripuanã (1000 km a noroeste de Cuiabá-MT), foi a única saída encontrada para que os índios obtivessem compensações pelo impacto ambiental gerado pela obra. Apesar de considerar a invasão um sucesso, ele disse esperar que algo semelhante não volte a acontecer.
"Está tudo resolvido, está feito o acordo. Fizeram o compromisso e vamos esperar cumprir. Espero que nunca mais aconteça isso", disse.
Jair ainda disse que há mais de um ano os indígenas lutavam por uma compensação devido à usina ter sido construída num terreno que abriga um cemitério indígena. "Tivemos que invadir devido ao fato de que desde a época... a comunidade, a etnia Arara e Cinta-Larga, eles queriam que pagasse a compensação do impacto que estava dando".


Índios desocupam usina de Dardanelos, no Mato Grosso

Índios chegam a acordo com o governo e com empresa responsável pela usina de Dardanelos e deixam o local

Severino Motta, enviado a Uripuanã | 27/07/2010 17:19 - Atualizada às 20:50

O grupo de cerca de 200 índios que invadiu a Usina Hidrelétrica de Dardanelos, em Aripuanã – a cerca de 1.000 km a noreoeste de Cuiabá (MT) – começou a desocupar o local nesta terça-feira.
Após uma reunião que durou o dia todo, um acordo entre o governo do Estado, prefeitura, Funai e a companhia responsável pelo empreendimento agradou a comunidade indígena e garantiu benefícios para as tribos Cinta-Larga e Araras, que vivem próximas a usina. Cerca de 50 índios saíram durante o dia e os outros 150 restantes começaram a deixar o local por volta das 20h.
Pelo acordo, o governo do Estado aplicará recursos em um programa para a saúde indígena e também investirá na formação de professores para as aldeias (que ministrarão aulas baseadas na cultura de cada etnia).
A prefeitura de Aripuanã em parceria com o governo fará a manutenção constante das vias de acesso às tribos. Os índios reclamavam que, durante o período das chuvas, ficavam ilhados em suas comunidades.
O consórcio Águas da Pedra, responsável pela construção da Usina de Dardanelos, ficará responsável pela elaboração de um plano que mitigue os efeitos do empreendimento ao meio ambiente e também terá de tocar um plano de apoio social, com estímulo à produtividade das terras indígenas e auxílio na comercialização de excedentes.
Além disso também ficou acertado que o Iphan fará uma pesquisa no patrimônio ambiental e, caso necessário, irá retirar objetos arqueológicos para a construção de um museu que ficará em posse dos índios.
Ao iG, a assessora técnica de gestão ambiental da Funai, Vivian de Oliveira, disse que nenhum tipo de recurso será repassado diretamente aos índios. “Essa história de dar R$ 10 milhões nunca existiu. Nós não apoiamos esse tipo de coisa”, disse.


"Fomos roubados pelos índios", dizem funcionários


Trabalhadores da usina de Dardanelos afirmam que índios roubaram de peças de roupas a celulares e notebooks

Severino Motta, enviado a Aripuanã | 28/07/2010 05:00 - Atualizada às 14:19


Funcionário de usina fala sobre invasão


Alguns dos funcionários que foram feitos reféns no domingo após a invasão à usina hidrelétrica de Dardanelos, em Aripuanã, alegam que foram roubados pelos índios. De acordo com eles, roupas, sapatos, celulares, rádios e notebooks foram levados pelos indígenas. Com o episódio, muitos temem voltar à rotina de trabalho.
"Os índios chegaram de manhã, gritando, arrombando porta e mandando a agente sair dos alojamentos que iam tacar fogo. Depois quem falava no celular eles pegavam. Se gostavam de um tênis pegavam. E nos alojamentos não sobrou nada de ninguém, fomos roubados pelos índios", disse Luis Carlos Anunciação, encanador industrial da usina.
Segundo o relato de outros trabalhadores, que estão alojados em pousadas no município de Aripuaná (1000 km a noroeste de Cuiabá-MT), há receio de voltar a morar no alojamento da companhia.
"Não só eu [tenho medo de voltar], todo mundo, a maioria não quer voltar, para trabalhar é uma coisa, para morar não. Quebraram tudo, colocaram papel dentro do banheiro, em vez de fazer dentro do banheiro fizeram dentro do quarto e nós ficamos no sal, como vai dormir num local daquele com tudo quebrado", disse Marcelino Rosa do Nascimento, encanador industrial.
O capitão Taques, da Polícia Militar, responsável pela primeira vistoria nas dependências da usina, revelou ao iG que encontrou o local "todo bagunçado, com algumas portas arrebentadas e diversos objetos faltando". Mas segundo o capitão, pelo número de índios que estavam no local esperava-se que a situação fosse pior. "O refeitório, uma área de rancho e o painel de força estão preservados. Mas o alojamento, a farmácia e uma parte administrativa da empresa tiveram danos", afirmou.
Na tarde desta quarta-feira, a companhia deve fazer uma relação de objetos que estão faltando para apresentar junto ao boletim de ocorrência que será produzido. Nesta quinta-feira deve ser a vez dos trabalhadores da empresa registrarem os boletins de ocorrência pelos objetos danificados ou que desapareceram dos alojamentos.
Recuperação
Com o fim da invasão, o presidente da Companhia Águas de Pedra, José Piccolli, disse que objetos foram devolvidos pelos índios e que serão encaminhados a seus respectivos donos. Ainda não é possível saber se todo o material foi recuperado.


Índios fazem 100 reféns e pedem R$ 10 mi por construção de usina


Em Mato Grosso, índios equipados com facas e arcos retêm os funcionários que trabalham na construção da usina

Um grupo de cerca de 300 índios de 11 etnias diferentes ocuparam hoje a usina hidrelétrica de Dardanelos, em Aripuanã, no Mato Grosso, e impedem a saída de 100 operários. Equipados com facas e arcos, os indígenas retiveram os funcionário que trabalham na construção da usina e os prenderam em um alojamento. "Os índios em nenhum momento ameaçaram suas vidas. Pediram tranquilamente que fossem para seus alojamentos", disse Antonio Carlos Ferreira de Aquino, o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Eles querem receber uma compensação financeira de R$ 10 milhões pela inundação de áreas indígenas e a interrupção dos projetos de expansão da produção energética por meio de pequenas centrais (PCHs) previstas ao longo do rio Juruena, que corta as reservas. Os índios reivindicam as compensações por parte das autoridades pelo impacto social, cultural e ambiental da obra, localizada a 30 quilômetros de sua reserva.
Aquino explicou que a empresa construtora "dinamitou" parte de um sítio arqueológico considerado sagrado pelos povos da região. "Ao longo do tempo, os índios reivindicaram uma compensação, como prevê a lei de desmobilizações (de obras públicas). Como a hidroelétrica vai começar a operar no final deste ano, perderam a paciência", disse o representante da Funai.
O gerente de Meio Ambiente da Companhia Águas da Pedra, responsável pela usina, Paulo Rogério Novaes, diz que tem receio pelos trabalhadores que estão presos dentro da área. “Eles disseram que, se em dois dias não aparecerem autoridades para resolver o problema, vão colocar fogo em todo o canteiro de obras”, alega Novaes. Na versão dele, o que os índios reivindicam são condições sociais melhores, como acesso à educação r à saúde, melhoria das estradas de acesso às aldeias e inclusão no programa Luz para Todos. “São problemas que o Estado tem que resolver, mas eles acham que são responsabilidades da usina”, afirma o gerente da Águas da Pedra.
Segundo o gerente da usina, a hidrelétrica não funcionará com represas e seu impacto ambiental é baixo. Com isso, os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância. “Mas nós temos um programa de ações mitigadoras que trata de medidas de apoio social. Só que esse programa foi entregue à Funai em 2005 e até hoje não obtivemos resposta. Queremos fazer alguma coisa, mas estamos esperando para saber o que e como”, alega Novaes.
Reintegração de posse
Por determinação do Ministério da Justiça, uma comissão, integrada por representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal se deslocará amanhã para Aripuanã, norte do Mato Grosso, a cerca de mil quilômetros de Cuiabá, onde fica a sede da hidrelétrica invadida, para negociar a libertação dos reféns e a solução do impasse. Os controladores do empreendimento também entram hoje com pedido de reintegração de posse.
A tomada da hidrelétrica foi feita pela manhã por cerca de 300 índios, liderados por caciques das etnias Arara e Cinta Larga, conhecidas pela valentia. Os cintas largas procedem da mesma região de Rondônia, a Reserva Roosevelt onde, em 2004, foram massacrados 29 garimpeiros num garimpo de diamantes. Os primeiros relatos da invasão são imprecisos, mas não há registro de mortos ou de confronto entre índios e operários, que receberam os invasores sem resistência. Eles foram levados para um barracão na construção.
Maior hidrelétrica de Mato Grosso, Dardanelos vai integrar ao Sistema Nacional de 36 cidades atendidas por termelétricas na região. A usina é uma das duas que tiveram construção autorizadas último no leilão de energia nova promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A conclusão das obras da Usina de Dardanelos está prevista para até o fim deste ano.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

O naufragio da terceira via

Contrapondo quase que na contramão ao que se falava então sobre as articulações para as candidaturas a governador em MT afirmei que considerava quase impossível a construção de uma terceira via. No meu entender a disputa iria desaguar em dois grandes blocos um de governo e outro de oposição. Ao que tudo indica os últimos acontecimentos mostram que estou com a razão. Volto agora a repetir os mesmos argumentos que usei em novembro de 2009 e reafirmar que esse caminho, de uma terceira via em Mato Grosso pelo menos para essa eleição,apesar dos desejos do empresário Mauro Mendes e do deputado Percival Muniz está interditado.
Continuo considerando que na medida em que os blocos de poder ganham nuances cada vez mais nacional, aqui na província ficam difíceis movimentos consistentes de rebeldia política. Por mais que os críticos da gestão do presidente Lula esperneiem uma pauta de governo foi estabelecida e o ponto de partida da disputa, em qualquer recanto desse país, é essa pauta. No Mato Grosso não é diferente e desde quando o governador Blairo Maggi no segundo turno de 2006 passou a apoiar o projeto de Lula assumiu o ônus e bônus dessa pauta. Se essa pauta é boa ou não para o Mato Grosso ou para o Brasil só o tempo histórico dirá.
Agora qualquer menino ou menina que esteja começando a fazer política seja no movimento estudantil, no movimento de bairro ou em qualquer outro lugar social está começando a aprender que política é compromisso. Compromisso feito e refeitos segundo interesses objetivos. Quem não entender essa lógica é provável que fique pelo meio do caminho. É verdade que os interesses postos nem sempre ficam claros, tantos são os mecanismos de dissimulação que cercam a luta política.
Pouco acostumados a seguir a orientação dos partidos temos tido todo um comportamento político em que muitos quadros partidários agiam, nos processos eleitorais, motivados segundo suas convicções individuais.Isso para não falar dos que agiam impulsionados apenas por seus interesses e conveniências. Por mais legítimas que fossem essas convicções e interesses. Ou ainda, vá lá, as conveniências.
Ainda não temos nesses nossos tenros anos de vida democrática a consciência que um quadro partidário, seja ele um dirigente, um militante ou mesmo um filiado tem que ter compromisso com o que foi decidido coletivamente nos fóruns partidários. Não faz parte da natureza de qualquer partido político admitir que uma vez tomada à decisão ela não seja posta em pratica por todos. No passado até era tolerado hoje isso acontecendo esta aberta a porta para a derrota eleitoral.
Claro que essa regra não se aplica ao cidadão ou cidadão que não tem filiação ou militância partidária orgânica, que não é quadro dirigente de partido. Enquanto cidadão ou cidadã individualmente, ele ou ela é absolutamente livre para tomar a decisão que bem entender em relação as suas escolhas eleitorais. Agora quando se faz a opção de livremente se filiar a um partido as coisas mudam. Essa é regra básica em sociedades em que a disputa pelo poder de governar o Estado se fundamenta em uma democracia política organizada em partidos.
As recentes escaramuças que estão inviabilizando a aliança PPS-PDT-PSB com acusações fortes dirigidas aos adversários demonstram que nesse estagio em que se encontra a democracia política no Brasil são pura tolice. Blocos de poder tendem a ser monolíticos, não admitem fissuras. O que explica os “rachas” nesses partidos com lideranças se insurgindo publicamente contra essa articulação e com a tendência das direções nacionais procurando fazer valer o que for decidido nacionalmente.
No presente caso mais uma vez se repete a historia de que é difícil servir a dois senhores. Emblemático ele serve para mostrar que está em curso um processo de fortalecimento de partidos de abrangência nacional. No meu entender isso é saudável para a democracia. Impossibilitado de embarcar simultaneamente com armas e bagagens no barco do Serra e Dilma, Mauro Mendes e seus aliados vão certamente naufragar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As Fichas

As "fichas" são um problema no universo da vida politica desse pais ja ha muito e muito tempo. Primeiro eram as "fichas" ideologicas. aquelas preenchidas no DOPS e instituições similares que impediam que os "inimigos" do regime pudessem disputar qualquer eleição. Eram os tempos dos fichados como subversirvos. Condenados moral e politicamente a não ocupar nenhum cargo publico pelo voto. O tragico dessa historia é que essas interdições eram realizadas como sendo em defesa da democracia, democracia essa que demorou muitos anos e muitas lutas para começar a ser implantada. Agora são os tempos das novas fichas, da busca pelas fichas limpas, imaculadas. Quem sabe esse projeto das "fichas" ajude que o debate finalmente saia do campo moral e va para campo da politica.

MFVMotta

Ficha Limpa não deve pegar senadores

Pelo menos 31 senadores respondem a ações na Justiça, mas nenhum deve ficar inelegível devido ao projeto

Severino Motta. iG Brasília

O projeto Ficha Limpa, aprovado nesta terça-feira pela Câmara dos Deputados, não deve tornar nenhum senador inelegível caso seja aprovado no Senado e passe a valer para as eleições de 2010. De acordo com dados publicados no site da Transparência Brasil, 31 senadores respondem a processos na Justiça, mas nenhum teria sido condenado por órgão colegiado – exigência do Ficha Limpa para a inelegibilidade.
Entre os senadores há casos como o do ex-presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN) e de Raimundo Colombo (DEM-SC). O primeiro foi condenado em primeira instância por receber verba de gabinete referente a um mandato de deputado estadual após o término do exercício.
O segundo teria usado verbas das Centrais Elétricas de Santa Catarina repassadas à prefeitura de Lages para promover a festa nacional do Pinhão. As condenações esbarram em dois problemas. Além de terem sido em primeira instância, são fruto de ações populares, o que os deixa de fora da inelegibilidade proposta no projeto Ficha Limpa aprovado pela Câmara.
Para ficar inelegível – caso o texto não seja alterado pelo Senado – é preciso que a condenação seja feita por um órgão colegiado de juízes. Na maioria dos casos dos senadores (veja lista aqui), há inquéritos e ações penais ainda não julgadas, o que os mantém em condições de disputar uma eleição.
Na Câmara, onde segundo o levantamento da Transparência Brasil 202 deputados respondem a processos na Justiça, também há uma maioria que deve conseguir se manter na condição de candidato.
O deputado Jader Barbalho (PMDB/PA), por exemplo, responde a seis ações penais, uma ação civil pública e dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, em nenhum deles consta condenação, o que o deixa livre para concorrer à reeleição.
Quem também responde a uma gama de processos é o deputado Neudo Campos (PP-PR). Somente no STF são 10 ações penais e 10 inquéritos. Como não foi condenado em nenhum, também pode disputar as eleições.
A mesma sorte não teve o deputado Paulo Maluf (PP-SP). Caso o projeto Ficha Limpa seja aprovado pelo Senado dá mesma forma que chegou da Câmara, ele pode encontrar problemas para se candidatar.
Apesar de outras condenações, uma, do mês passado, onde foi acusado de superfaturamento na compra de frangos para merenda escolar da rede municipal de ensino, pode torná-lo inelegível pelas regras do Ficha Limpa.
Validade
Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), caso o projeto Ficha Limpa seja aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o dia 10 de junho, ele valerá para as eleições deste ano.
A matéria, contudo, deve ser debatida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É provável que candidatos barrados entrem com recursos na Justiça, e ela terá de decidir se a Ficha Limpa valerá ou não em 2010.
Leia mais sobre:
ficha limpa

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Disputa acirrada

Sem favoritismo em uma disputa que promete ser muito acirrada Essa é a minha opinião manifestada no portal www.rdnews.com.br em entrevista a reporter Patricia Sanches sobre os resultados da pesquisa ibope divulgada sabado 8 de maio sobre a eleição para governador em Mato Grosso deste ano. Tudo indica que , a não ser que exista profundas mudanças no quadro, o resultado em MT tende a ser bastante apertado. Aproveito para reafirmar que vejo como uma questão problematica essa intenção da candidatura Mauro Mendes de considerar que é possivel gerenciar os tres principais palanques de candidatura a presidencia em uma eleição que a cada dia caminha para ficar mais polarizada. Quero ver como ele e seus aliados vão lidar com o desafio dessa sofisticada engenharia politica
MFVMotta

Há muitos anos não há disputa tão acirrada como agora, diz analista

Patrícia Sanches

A disputa ao Palácio Paiaguás vai ser extremamente acirrada e não é possivel apontar favoritismo. A afirmação é do analista político Manoel Motta. Segundo ele, há muitos anos não se via um cenário tão indefinido como o que vem sendo confirmado pelos resultados das pesquisas de intenção de voto. Acredita que será possível saber quem tem mais chances de vencer o pleito apenas em agosto. "Uma coisa é certa. Não vai ser uma disputa simples como a que Blairo Maggi enfrentou. As coligações são amplas e vão continuar aparando divergências até o final do processo eleitoral", pontuou Motta, numa referência, por exemplo, às brigas existentes no PPS e PT.
Os petistas então divididos entre os grupos da senadora Serys Marly e o deputado federal Carlos Abicalil, que estão em pé de guerra. Serys defende apoio ao pré-candidato Mauro Mendes (PSB). Já Abicalil "bate duro" para que o PT fique com o governador Silval Barbosa (PMDB), que tenta a reeleição. O PPS está rachado entre Mendes e o ex- O PPS está rachado entre Mendes e o ex-prefeito da Capital Wilson Santos (PSDB). Os três vão disputar o Paiaguás e percorrem o Estado em busca de apoio político e dos eleitores.
Uma pesquisa estimulada feita pelo Instituto Ibope apontou nesta sexta (7) Silval como líder nas intenções de voto com 31%. Já Wilson, figura em segundo lugar com 27% e Mendes em último com 15%. Para o analista, o crescimento de Silval se deve a forte articulação política que o peemedebista tem feito junto a prefeitos e lideranças de todo o Estado. Ele acredita que o escândalo do suposto superfaturamento praticamente não abalou a imagem do governador que possui uma "raiz" diferente da "turma da botina", que seria a maior prejudicada. "Tudo isso colocou em xeque a ideia de que os empresários da turma da botina não precisavam usar o Estado, se apropriar indevidamente de recursos. Desgasta essa imagem e não a de Silval", avalia. Apesar disso, ele pontua que o peemedebista pode ser prejudicado dependendo do desenrolar dos fatos. Pondera ainda que é difícil saber se ASilval vai conseguir manter o ritmo de crescimento que teve até agora.
Numa rápida análise sobre o desempenho de Wilson, Manoel acredita que o crescimento dele depende principalmente do declínio de Mendes. "Caso Mauro continue crescendo, Wilson pode cair mais", avalia. Por outro lado, o cientista político fez questão de frisar que os eleitores mato-grossenses são bastante conservadores e que tendem a votar no presidenciável José Serra (PSDB) e são contra o PT. Os petistas nunca elegeram nenhum governador do Estado e a pré-candidatura de Serra deve ser bem articulada no Estado, o que fortalecerá o nome de Wilson ao Paiaguás. No próximo dia 15, Serra virá a Capital lançar Wilson ao governo. "Temos um eleitorado muito parecido com o de São Paulo e isso pode favorecer Wilson".
Já o desempenho de Mauro Mendes surpreendeu o especialista. Para ele, o empresário alcançou uma marca significativa ao obter 15% das intenções de voto. "Se o Mauro continuar crescendo assim, Wilson vai perder espaço", pontua. Apesar de ressaltar o crescimento do socialista, Manoel Motta, pondera que o fato dele estar em uma aliança com três palanques de presidente poderá prejudicá-lo. Apoiam o empresário o PV de Marina Silva, o PPS, que caminha com Serra, e o PSB dele que deve coligar com o PT de Dilma Rousseff. "Isso pode ser um complicador que fragilizará o nome dele ou até fortalecer sua candidatura. Tudo dependerá de como os eleitores vão ver essa aliança. A política não é uma ciência exata".

domingo, 25 de abril de 2010

A eleição presidencial 2010 e as atuais tendências

Analises como essa do professor Marcus Figueiredo do IUPERJ tem sido uma raridade no atual momento politico da luta eleitoral para a presidencia. Transcrevo aqui no blog os trechos de seu artigo que mostra suas considerações a partir da leitura que fez do resultado das pesquisas realizadas pelos principais institutos do país. Uma analise como a dele, nesses tempos ainda de paixões exarcerbadas, que procura mostrar com objetividade os dados da realidade e procura compreender as tendencias reveladas por esses dados é como apontei acima uma raridade. Vale a pena ler e refletir sobre o que ele considera relevante no atual processo de disputa.

MFVMotta

"Quem for identificado como o pai dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a disputa"

Marcus Figueiredo, especial para o iG 25/04/2010 07:56


"A eleição presidencial que se avizinha tem algumas características importantes. É a primeira pós-88 sem a presença de Lula como candidato. Desde 1989, Lula se apresentou como oposição à hegemonia liberal-conservadora que sempre governou o país, com o interregno do Presidente João Goulart, 1962-64.
Os dois mandatos do presidente Lula que se encaminham para terminar deixarão como legado um ciclo virtuoso com forte viés nacionalista-desenvolvimentista mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista (nos dois mandatos) e do regime militar, por terem sido altamente conservadores. O que lhe dá esta marca, mais à esquerda, são o viés em favor das classes mais baixas através das políticas de desenvolvimento social e uma política econômica de rígido controle monetário, para o controle da inflação, da mesma forma que caracterizou os partidos sociais-democráticos europeus. Por esta razão Lula mantém recorde de popularidade e o PT tornou-se o mais preferido junto ao eleitorado, independentemente de seus seguidores terem consciência ideológica desta natureza.
Mais do que uma conversão ideológica, os “descamisados” que votaram em Collor, contra os “marajás”, e depois em Fernando Henrique Cardoso, pela estabilidade econômica com o Real, em 2006 votaram em Lula, pelo crescimento econômico e pela ascensão social – leia-se queda na taxa de desigualdade.
Neste clima de otimismo o eleitorado vem declarando nas pesquisas sua preferência em votar na continuidade, onde mais de 50% já declararam estar disposto a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade, posto que em nenhuma das 20 pesquisas já publicadas, desde fevereiro de 2008, nenhuma delas fez a pergunta, simples: quem representa a continuidade?
Esta questão no cenário político-eleitoral é de fundamental importância. Estando o clima de opinião centrado na continuidade o discurso da mudança não tem chance de cativar a maioria dos eleitores. Da mesma forma que em 2002, o clima de opinião era pela mudança a continuidade, de FHC, não teve chance. Naquela eleição, José Serra terminou com 38% dos votos, apesar de em sua propaganda ter centrado seu discurso na mudança ele era identificado pelo eleitorado como representante da continuidade de FHC.
A terceira característica dessa eleição está, neste momento eleitoral, na alta taxa de competição política entre as candidaturas de Serra e Dilma, mais do que na competição eleitoral propriamente dita, o que mostrarei mais adiante.
Desde fevereiro de 2008 e durante todo o ano de 2009 os nomes de ambos fazem parte das pesquisas e do noticiário político como “virtuais” candidatos. Esta confirmação deu-se ao final de março quando ambos se descompatilizaram de suas funções executivas para se candidatarem, como manda a lei.
A partir do momento em que Lula apresentou Dilma como sua candidata o PSDB movimentou-se em torno dos nomes de Serra e Aécio. As disputas políticas tanto no PT quanto no PSDB foi intensa e a disputa ente os dois partidos, também intensa, produziram farto material no noticiário político, tendo seu ponto alto, ao final de 2009, quando Fernando Henrique desafiou Lula para o confronto entre os dois governos. Desafio aceito por Lula. Este confronto aberto virá mais adiante, depois de junho quando as candidaturas estiverem oficializadas perante o TSE. Por enquanto este confronto está no âmbito do noticiário político e em poucos eventos, como os dos lançamentos oficiosos das duas candidaturas ao final de março.
Apesar disto, já é perfeitamente fácil de identificar a natureza política dos dois discursos que estarão em disputa.
A candidatura de Dilma já construiu seu discurso pela continuidade, que é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula) – acrescentar a frase “mais e melhor” é pura retórica. O discurso da candidatura Serra segue raciocínio quase idêntico: o ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC, portanto o governo Lula passa a ser o “filho bastardo” que nega a herança. Acrescentar a frase “mais e melhor” a este ciclo virtuoso é pura retórica.
Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político, a divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o pai do sucesso, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a eleição.
Comparando com as máximas das eleições americanas temos: nos Estados Unidos, o sucesso na economia e na guerra garante a eleição; entre nós, as máximas estabelecidas pelas eleições de FHC e Lula foram o sucesso na economia e na ascensão social. A eleição de Collor teve um efeito extraordinariamente excelente: para os “descamisados” os “salvadores da pátria” não têm mais vez, são pura empulhação.
Eleitoralmente, comparando as pesquisas mais recentes – da Sensus, do Datafolha e Ibope, podemos observar que as intenções de voto apuradas indicam uma situação de tendências ao empate técnico entre Dilma e Serra. "
Neste momento político as variações apontadas pelos diferentes institutos só servem para gerar manchetes e reportagens jornalísticas, pois o eleitorado entrou na fase crítica de “ponto de espera”: um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível.
Como se diz no jargão dos pesquiseiros, “o jacaré ainda não fechou a boca”. Se as simulações estatísticas aqui demonstradas valem alguma coisa para projetar cenários futuros, estes apontam uma ligeira tendência a favor da candidatura Dilma, posto que ela tem, a demais, do seu lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso que experimentos – a economia e o desenvolvimento social.
Marcus Figueiredo é professor adjunto do IUPERJ - Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro

sábado, 24 de abril de 2010

Ciro Gomes

Hoje o noticiario politico esta carregando de frases e informações sobre a desistencia de Ciro Gomes de sua candidatura a presidencia. Até agora não entendi o que aconteceu. Na minha avaliação ele acenou que seria candidato ao governo de São Paulo no momento em que transferiu seu titulo para aquele Estado. Ainda que reafirmasse que seria candidato a presidencia não fechou as portas para uma possivel candidatura ao governo de São Paulo. Como continuou a so bater no cravo e esqueceu de bater na ferradura sua possibilidade de sair candidato por São Paulo acabou ficando, pelo menos até agora, inviabilizada.
Certamente seria ele o unico candidato com uma retórica capaz de enfrentar os tucanos de alta plumagem encastelados no governo de São Paulo. Sem uma liderança de massa em São Paulo capaz de elaborar um discurso de enfrentamento aos tucanos paulistas o PT vai enfrentar dificuldades para disputar o governo do estado e ampliar o palanque de Dilma.
Com a saida de Ciro da corrida presidencial o desenho da nuvem da politica brasileira vai tomando o formato plebiscitario antevisto pelo presidente Lula.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

VESPERAS

Começou a temporada de escandalos estourando no colo de governistas. Em Mato Grosso insinua-se mais uma vez que Valdebram Padilha age sob o comando de Abicalil, Alexandre Cesar e agora tambem de Silval Barbosa, no recente escandalo da FUNASA. Essa de considerar que todos os governos tem seu mar de lama é uma tradição da cultura politica brasileira de oposição. Da UDN lacerdista ao PT de Lula em todas as vesperas de eleições mergulhava-se adversarios e desafetos no mar de lama da corrupção politica e economica.
MFVMotta

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sub Tucano

Essas declarações de Freire a Karol Garcia e a nota de Antonio Carlos Maximo reforçam o que provavelmente deverá ser o caminho do PPS em MT. Com certeza vão estar no palanque de Serra e na provincia qualquer amor vale a pena. Até as convenções tem muito chão a ser percorrido.

Freire insiste em PPS junto com PSDB

Da Agência Pauta Pronta

Defensor da dobradinha “Serra-Aécio” para a disputa presidencial deste ano, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, afirmou em entrevista, via microblog Twitter, nesta quinta-feira que a tendência do PPS apoiar a candidatura do tucano Wilson Santos, prefeito de Cuiabá, na disputa ao Governo do Estado Mato Grosso tem crescido em função do apoio em âmbito nacional do PPS ao PSDB.
“Existe essa tendência, mas não creio que esteja decidida essa aliança com o Wilson Santos”, postou Freire quando questionado sobre linha a ser adotado pelos socialistas em Mato Grosso.
Atualmente existem duas correntes dentro do PPS, uma que defende Santos ou que prefere caminhar com Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso e pré-candidato pelo PSB. Inclusive, o presidente do PPS no Estado, deputado estadual Percival Muniz, foi quem praticamente lançou a candidatura de Mendes.
Por meio do Twitter, Freire é um dos que mais distribui o manifesto pela chapa Serra/Aécio, encabeçado pelo poeta Ferreira Gullar. Com isso, de acordo com Freire, será natural em Mato Grosso o apoio socialista ao tucano, caso se confirme a candidatura de Wilson Santos ao Governo do Estado, já que o prefeito de Cuiabá tem disputado espaço com o senador democrata Jayme Campos.
O manifesto enaltece sobremaneira os governadores de São Paulo e Minas Gerais, José Serra e Aécio neves, respectivamente, apontando que “nos cargos públicos que ocuparam, e ao longo dos anos, deram demonstração de competência, vocação pública e de compromisso com mudanças. Para dirigir o Brasil não precisam apresentar credenciais, já estão prontos, pois são o resultado do que tem de melhor a experiência política nacional nos últimos 20 anos”.
Ainda conforme o Manifesto, a chapa “também simbolizaria a união de dois grandes estados - São Paulo e Minas Gerais - para a construção de um novo pacto federativo, reclamado pelas regiões e demais estados brasileiros”.
Karol Garcia

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Padrão Etico

"...fica em xeque o padrão ético de militantes de esquerda que desembarcaram em Brasília em 2003 para salvar o país."

Essa frase pinçada do editorial do jornal O Globo do dia 25/02/2010 expressa o que considero como a face mais perversa e cretina do pensamento consevador brasileiro. Nela está contida, quase que explicitamente, a ideia de que os militantes de esquerda formam um bloco homogeneo com um proposito politico tambem homogeneo. Impermeavel e consistente como uma rocha dura. Um bloco monolitico sem contradições. É verdade que parte significativa da esquerda participa de uma concepção messianica, salvacionista da sociedade. Será que existia mesmo essa expectativa de que um governo de esquerda poderia salvar o pais. Isso para alem da retorica e do entusiamo do momento da vitoria. Quem com um minimo de lucidez ousaria imaginar que um governo de esquerda seria formado por uma legião de homens e mulheres acima do bem e do mal, compondo um padrão etico que "salvasse" o pais. É melhor acreditar em contos de fada.

Ciro vai disputar o governo de São Paulo

Por essas declarações reproduzidas abaixo é pouco provavel que Ciro não vá disputar o governo de São Paulo. O argumento de que sua candidatura pode ser uma exigencia do projeto nacional é simplesmente irretocavel. E não tenho duvida se de fato se consolidar essa aliança de 11 partidos ele terá tempo de televisão, militancia e apoio politico o suficiente para fazer um estrago na hegemonia eleitoral do PSDB paulista. Pode até ser que não seja eleito mas seguramente a disputa em São Paulo tomará um rumo imprevisivel.

Manoel F V Motta


Enviado por Severino Motta -

do blogdonoblat

24.2.2010
13h31m
Ciro admite desafio de disputar governo de SP
Da Reuters/Brasil Online, em O Globo:
O deputado Ciro Gomes (PSB) afirmou nesta quarta-feira, pela primeira vez de forma enfática, que poderá concorrer ao governo de São Paulo, apesar de manter sua disposição de disputar a Presidência da República.
"De repente, o projeto nacional que o presidente Lula representa precisaria ter como uma engrenagem modesta que eu aceitasse esse desafio (de disputar São Paulo). Nesse caso, a serviço do Brasil, a serviço dessa fração de São Paulo, eu não titubearia em ir", afirmou Ciro a jornalistas.
Ele ponderou, no enquanto, que um cenário em que seja forçado a concorrer em São Paulo é "quase impossível" e um "exagero".
As declarações foram feitas após reunião com dirigentes de partidos da base aliada do governo convocada para discutir seu futuro político. Representantes de PT, PDT, PCdoB e do PSB paulista disseram a Ciro que uma aliança potencial de 11 legendas poderia sustentar sua eventual candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Um discurso para a História

O discurso de Lula na comemoração dos trinta anos do Partido dos Trabalhadores merece tratamento de documento historico. Sua evolução e consolidação como liderança democratica e popular dessacraliza a organização do qual é um dos fundadores e faz avançar um projeto de governo que articula diferentes forças sociais e politicas.
Quem como eu viveu os anos da ditadura respeita e valoriza e muito sua passagem pelo governo

Do Blog do Noblat

Enviado por Severino Motta -
19.2.2010
22h26m
Lula: Quem quis acabar com PT, hoje está se acabando
Em seu discurso nesta noite, no 4° Congresso Nacional do PT, Lula lembrou os 30 anos do partido e disse que em momento como o de 2005, quando estourou a crise do mensalão, muitos tentaram acabar com a sigla, mas, hoje, são os críticos que estão se acabando.
“Até compreendo o ódio de alguns que tem do PT. Diziam: Vamos acabar com essa raça, com esse bando. E aqueles que queriam acabar estão quase acabando”, disse Lula, acrescentando que ninguém acaba com um partido que “fincou raízes indestrutíveis no Brasil”.
Durante o discurso, Lula ainda brincou com os militantes petistas e disse que hoje não iria falar sobre a ministra Dilma Rousseff. O ato está reservado para amanhã quando sua missão é “convencer [os petistas] que Dilma é a candidata”.
Em cerca de 20 minutos de fala, Lula também pregou a política de alianças. Lembrou das derrotas que teve e destacou que só venceu eleição quando o partido montou um amplo leque, mesmo com a reclamação de correntes internas.
“Lembro quando tentaram vaiar o José Alencar, hoje é nosso herói nacional”.
O presidente também disse que essa luta das correntes internas do partido foi o que permitiu seu crescimento. E que essa fórmula deve ser exportada para partidos de esquerda ao redor do mundo.
Mundo, alias, que deve ser seu objetivo ao sair da presidência. O líder petista quer, a partir de 2011, trabalhar pela integração da América Latina e da América do Sul ao continente africano.
Segundo ele, é preciso que dirigentes sindicais e presidentes de partido intensifiquem o contato com líderes de outros países. Somente com a integração, disse, será possível enfrentar os problemas sociais e de infra-estrutura que barram o desenvolvimento.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Comparável e o Incomparável

O sociologo Marcos Coimbra vem sem duvida fazendo as melhores analises politicas das pesquisas das eleições de 2010. Sua interpretação do desenho da disputa feita seguindo os movimentos dos seus principais atores é quase incontestavel. Nele o papel de Lula é posto com uma clareza impressionate. Vale a pena seguir o que ele vem escrevendo.

Manoel F V Motta

deu no correio braziliense

O comparável e o incomparável

De Marcos Coimbra:
Alguém imagina que Lula quer fazer, na eleição deste ano, uma guerra com Fernando Henrique em torno de números sobre o desempenho de seu governo? Que o plebiscito que persegue há tanto tempo consiste nisso, uma batalha de estatísticas de performance governamental?
Quem acha que é isso que Lula quer, se engana. Não é essa a eleição para a qual ele se prepara desde o fim de 2007, quando sua popularidade cresceu ao ponto de tornar possível que não só escolhesse sozinho quem representaria o governo na eleição, como que sua indicada tivesse boa chance de vitória.
O plebiscito que ele imaginou para vencer um candidato tão forte quanto José Serra é diferente. Nele, pode ser até necessário passar pela comparação do que fizeram os dois governos, área por área, política por política. Mas sem permanecer nesse plano, de resultados objetivos cotejados com resultados objetivos.
Lula, amplo conhecedor do eleitor brasileiro (não fosse ele calejado por oito experiências de buscar seu voto, contando apenas as candidaturas presidenciais, nos dois turnos que disputou), sabe que é ínfima a proporção de pessoas que escolhem assim seu candidato. Aliás, não é pequena apenas no Brasil, mas no mundo inteiro (países desenvolvidos incluídos), a parcela do eleitorado que opta em função de cálculos desse tipo.
Em primeiro lugar, é sempre pequena a fatia da população que se interessa por questões político-administrativas. Ainda menor é a que compreende estatísticas e raciocínios cheios de números, porcentagens e coisas do gênero. Um discurso sobre o tema, recheado com elas, entedia até o eleitor escandinavo.
Em segundo, o cidadão comum olha com cautela todo número que não entende bem. Nem que seja intuitivamente, sabe que as estatísticas podem dizer qualquer coisa, dependendo de quem as apresenta. Não há prefeitura, governo de estado ou administração federal que não desfile seus números para provar que faz tudo certo, assim como não há oposição que não exiba os dela para demonstrar o inverso.
Como o eleitor não confia inteiramente em ninguém e não tem elementos próprios para saber de que lado está a verdade, prefere, na maior parte das vezes, ignorar o bombardeio que sofre. Os números entram por um ouvido e saem por outro.
Mas o mais importante é que os eleitores que se interessam por essas comparações e que têm os requisitos de informação para compreendê-las são os que menos estão disponíveis para o proselitismo dos candidatos.
Eles costumam ser mais politizados, mais bem informados e mais posicionados em termos partidários e ideológicos. Por isso, costumam se definir eleitoralmente mais cedo e tendem a permanecer indiferentes ao discurso dos candidatos ao longo da campanha, pois já resolveram o que vão fazer.
Hoje, há lulistas e antilulistas entre essas pessoas e, se existe, uma minoria insignificante de eleitores “neutros” e disponíveis para a argumentação puramente racional. Seu impacto na eleição é irrelevante.
Na verdade, o plebiscito de Lula nunca foi em favor de si mesmo ou de Dilma. Nem, a rigor, contra Fernando Henrique. É apenas contra Serra.
O presidente sempre soube, ouvindo as pessoas, usando seu instinto, lendo as pesquisas, que a grande maioria do eleitorado está satisfeita com o governo e quer a continuidade.
Também sabe que Dilma não está em discussão por si mesma e que a imagem do ex-presidente vem piorando com a passagem do tempo. Só por isso pensou fazer um plebiscito em que o governador fica como representante de FHC e ela dele.
Nesse embate, importa pouco (ou nada) qual foi o governo que fez mais isso ou aquilo. Qual asfaltou mais, construiu mais, educou mais e assim por diante. Lula já ganhou o plebiscito com Fernando Henrique. O que ele apenas quer agora é que os eleitores estendam a Serra o julgamento que fizeram de FHC.
Não é por outra razão que Serra não quer nem saber do assunto. Comparar (para defender) Fernando Henrique contra Lula não é com ele.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Implicações políticas de fragilidades econômicas

Fatos como o que esta envolvendo o vereador por Cuiabá, Toto Cesar, acusado por uma ex-companheira de receber irregularmente durante anos os benefícios do programa bolsa família, mostra como fragilidades econômicas fragilizam politicamente lideranças populares. É pena ver lideranças populares, como ele, fragilizadas por uns trocados de uma bolsa família. Ainda que tenha consciência de que do lugar econômico e social de onde vêm os trocados de uma bolsa família fazem diferença.
E aqui não vem muito ao caso saber se ele foi beneficiado ou não. É a justiça quem esta habilitada para isso e não quero desempenhar esse papel. Não cabe aqui julgar se ele recebeu ou não os benefícios. A minha analise do fato é política e não tenho duvida o estrago político já está feito. E esse é um estrago que não atinge apenas individualmente o vereador, mas as lideranças populares que trilham análogos ao seu.
Eleito primeiro suplente pelo PRTB assumiu o mandato como vereador na Câmara de Cuiabá por força da cassação do vereador Ralf Leite de seu partido. Até então o parlamentar sobrevivia como milhões de trabalhadores desse país à custa de um salário mínimo. É evidente que essa condição não justifica possíveis transgressões por parte de quem quer que seja. Muito menos de quem recebeu um mandato popular.
Sua trajetória política é semelhante ao de milhares de lideranças populares desse país. Inteligentes, quase sempre com habilidades artísticas, se destacam pela sua capacidade de se articular não só com sua comunidade, mas com setores mais amplos da sociedade. Esse tipo de perfil acaba quase que naturalmente desaguando na política. Para o bem ou para mal. É o caso do vereador Toto Cezar.
Sua eleição sendo parte de certa cultura política que ainda insiste em afirmar que vota na pessoa independente do partido, que vota seduzida por comportamentos inusitados (no caso de Toto Cezar em sua campanha andando de bicicleta) e por convincentes apelos morais. Com isso a cada eleição elegendo uma ou outra liderança com características muito semelhante as suas.
Esse entendimento despolitizado do voto acaba levando ao parlamento personalidades que vão servir interesses na maioria das vezes completamente descoladas dos interesses populares. Comprometidos com projetos políticos dos quais quase sempre está na contramão de quem os elegeu.
Cuiabano nascido nos anos setenta sua história pessoal confunde-se com a história das grandes transformações pela qual passou sua cidade. São jovens como ele que fundam aquilo que se costuma chamar a periferia das metrópoles. As dificuldades sociais e econômicas que enfrentaram não se distinguido das de qualquer outro jovem da periferia das grandes metrópoles brasileiras. É muito provável que ele tenha tido dificuldades em seu processo de escolarização, de empregabilidade e pra variar foi precocemente pai de uma criança.
Fragilidades econômicas que implicam em fragilidades políticas como esta envolvendo o vereador não contribui para o empoderamento político dos trabalhadores. O jovem trabalhador que deu seu voto para o Toto Cezar, e não importa a razão por que votou, e toma conhecimento das acusações que lhe estão sendo atribuídas passa a ter uma imagem na melhor das hipóteses muito negativa da liderança popular que conquistou um mandato no parlamento municipal.
Episódios como o protagonizado pelo vereador não colaboram para a formação de uma consciência política voltadas para os interesses do lugar social de onde saem essas lideranças. Lamento mas lamento mesmo o imbróglio em que está metido. Assistir esse processo de fragilidade política de uma jovem liderança popular nascida da dinâmica social da periferia é do ponto de vista político e pedagógico um momento de negação da educação política da juventude da periferia. O que esta acontecendo com Toto Cezar é ruim para o movimento social, é ruim para a democracia

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Serra faz campanha no Galo da Madrugada

O processo eleitoral é implacavel com os candidatos. Para ser visto por milhões de pessoas o candidato tem que se submeter a situações nada confortaveis. Participar do Galo da madrugada o bloco que abre o carnaval de Recife é uma delas. Refem de marqueteiros o candidato se presta a encenar as mais inusitadas caras e bocas. Passear no meio da multidão e tirar foto com a bandeira de Pernambuco no calor escaldante do verão pernambucano é pra la de mico. O pior e o inusitado nisso tudo é que a estrela por aqui é Dilma, confortavelmente sentada ao lado do governador de Pernambuco Eduardo Campos. Acertada a aliança com o governador os votos aqui são dela. Provavelmente esse breve factoide não mudará em nada o desempenho eleitoral de Serra em Pernambuco
MFVMotta

Serra passa no teste do Galo da Madrugada
Do blog do Jamildo:
O tucano andou sob um sol escaldante, ao som de uma apropriada música de Almir Rouche, no meio da multidão do Galo da Madrugada, por cerca de meia hora.
Uma ou outra pessoa perdida gritava que era Lula ou Dilma, mas nada que tivesse criado constrangimento ao presidenciável tucano.
Momentos antes, o senador Sérgio Guerra brincava com a iniciativa, quando perguntado sobre os próximos passos da campanha. “Vamos descer lá embaixo, andar no meio do povo. Esses são os próximos passos”.
No palanque, a passagem do político causou uma pequena confusão, com a profusão de repórteres e cinegrafistas, na sua escolta.
Levado pelo marqueteiro Antônio Lavareda, Serra subiu numa passarela sob a avenida e pousou para fotos com um chapéu com a bandeira de Pernambuco.
No meio de uma grande confusão, ainda deu para ouvir o governador de São Paulo dizer que a sua visita não tinha conotação política e que ele estava achando muito gostoso ver a manifestação popular.
“Se fosse campanha, eu estaria pedindo votos”, afirmou.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Desqualificar Dilma: equivoco da oposição

Uma candidatura a presidencia é resultado de muita, mas muita articulação politica. Ninguem teu seu nome colocado se não tiver uma trajetória que lhe credencie. Bobagem essa historia de querer desqualificar a candidata do governo como alguem inexpressiva enfiada goela abaixo pelo presidente LULA. Eleita a ministra Dilma será o primeiro quadro que participou da luta armada que chega ao topo do poder republicano no Brasil.

MFVMotta

Inútil correr

Do Blog do Alon:
O PSDB envereda pelo caminho de desqualificar Dilma Rousseff. Se persistir nele, é certo que quebrará a cara. Todos os principais candidatos a presidente são políticos qualificados. Têm experiências políticas e administrativas distintas, e só. Ninguém chega a uma candidatura presidencial por um grande partido, ou um grande movimento (caso de Marina Silva), sem antes passar por testes duríssimos.
Outro mito espalhado na praça é que Dilma foi imposta goela abaixo ao PT por Luiz Inácio Lula da Silva. É só uma parte da verdade. A explicação inteira deve incluir que o PT gosta de Dilma, por duas razões básicas: o partido a vê à esquerda de Lula e acredita que terá sobre ela uma ascendência maior do que tem hoje sobre ele.
Essa segunda hipótese precisará ser comprovada na prática, caso a ministra da Casa Civil vença a eleição. De todo jeito, PT e aliados estão confortáveis com Dilma na corrida presidencial. Não estariam se a vissem como alguém frágil, sem personalidade.
E uma última observação. Dilma já mostrou que se sai bem em situações marcadas por alta taxa de agressividade na disputa. Foi assim, por exemplo, no confronto verbal com o senador José Agripino (DEM-RN), quando teve que ir ao Congresso falar sobre o dossiê.
A oposição dá a impressão de tergiversar para fugir do debate programático. É inútil, porque alguma hora ela terá que dizer o que vai fazer se chegar ao governo do Brasil.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mudança e Continuidade

É muito provavel que o tom da campanha governista seja esse expresso pela liderança do PT na camara. Para o bem ou para o mal a orientação é marcar o carater governista de continuidade. Nada de mudança. Tudo indica que o governo que ser julgado e confia que o julgamento popular será positivo. Isso para que seja dado continuidade ao seu projeto. O governo tem uma pauta e luta para que essa pauta seja mantida. E a oposição qual sera a pauta de mudanças que ela vai propor?

Manoel F V Motta

Do blog do Noblat

Enviado por Severino Motta -
11.2.2010
13h03m
Vaccareza: Serra é o candidato errado pela segunda vez
Do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), em entrevista coletiva concedida em Brasília agora há pouco:
- Em 2002 o [governador José] Serra foi o candidato da continuidade quando o povo queria mudança. Agora ele vai ser o da mudança quando o povo quer continuidade.
- Vamos comparar os oito anos de FHC com os oito anos de Lula. E comparar [a ministra] Dilma [Rousseff] com Serra. No governo Lula, ela é a principal ministra, e Serra teve destaque no FHC. Foi ministro do planejamento, estava nas privatizações, foi ministro da saúde e senador.
- A oposição precisa apresentar seu programa de governo. Há muitos problemas de gestão [no governo paulista]. Basta ver a segurança, a falta de investimentos, a situação da educação. Isso sem falar nas enchentes.
- Se Serra não for candidato ele vai criar um transtorno muito grande para a oposição.
- [O deputado] Ciro [Gomes - PSB] eu respeito muito e ele me disse que não vai ser candidato ao governo de São Paulo. Se quiser ser a presidente ele tem o direito.
- Não vamos esconder a Dilma só porque ela é pré-candidata. Seria hipocrisia (...) Se é candidata não pode mais sair de casa? Tem que sair para trabalhar e para inaugurar obra.
- A oposição sabe que está usando [as representações reclamando de propaganda eleitoral antecipada de Lula e Dilma] para fazer campanha. Acho que os ministros do TSE vão ficar chateados com isso. Pois chega lá e eles negam. Todos sabem que a Dilma e o Serra não estão usando os cargos para fazer campanha.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ainda o ENEM

Ao que tudo faz crer os resultados do ENEM não foram catastróficos como previam seus críticos mais severos. Tampouco se pode afirmar que se obteve um resultado que modificou em profundidade o perfil dos que estão ingressando no sistema federal de ensino superior. Agora de uma coisa pode-se estar certo tudo indica que está sendo iniciado um processo de mudança, que ai sim, provavelmente terá efeitos no perfil daqueles que vão ingressar nas universidades e institutos federais nos próximos anos.
Superadas as dificuldades iniciais desse primeiro exame é hora de avaliar os resultados e debater em profundidade essa iniciativa ousada do MEC em mexer no atual modelo de exames para ingresso nas instituições federais de ensino superior. É necessário ressaltar que o ENEM não é uma panacéia que vai resolver à questão da democratização do acesso a universidade. Ele apenas esta propondo substituir um modelo de acesso por outro abrangente e com alcance nacional.
Não foi por acaso que as principais insatisfações contra o ENEM tenham partido de empresários da educação encastelados em preparatórios para o atual modelo de vestibular. É compreensível que tenha partido deles um dos principais focos de resistência, pois vêem ameaçados de ruir da noite para o dia suas estruturas montadas ao longo de quase quatro décadas. Eles têm razão em considerar que a implantação do exame nacional, no tempo em que esta sendo feito, não lhes permitiu saltar do modelo antigo para o novo. É evidente que as famílias que investiram tempo e dinheiro nesses preparatórios ficaram apavoradas com as mudanças. Até então durante anos se viam recompensados com a aprovação de seu garoto ou de sua garota nos concorridíssimos vestibulares do sistema federal de ensino superior , valendo portanto todo o investimento financeiro e afetivo.
Ao que tudo indica o projeto do ENEM desmancha todo esse velho castelo de areia. Essas grandes estruturas preparatórias de fato foram pegas de calças curtas e vão ter que se adaptar as mudanças se quiser sobreviver. Nada contra empresários da educação bem sucedidos, afinal foram eles que compreenderam as mudanças que ocorreram no modelo de vestibular no inicio dos anos setenta do século XX e passaram a oferecer preparatórios eficientes que de fato levou durante décadas milhares de jovens as universidades. Acredito que logo, logo estarão adaptados oferecendo para as camadas e classes que buscam formação, em suas instituições, conteúdos adequados aos novos tempos. Acredito até que logo vão oferecer a possibilidade do estudante escolher em que estado irão realizar seus cursos Essa eventual choradeira inicial, no meu entendimento, não chega a contribuir de maneira relevante para o debate sobre o ENEM.
Por outro lado não dá para considerar com seriedade como um argumento relevante que o processo democrático e legal de realização de uma ação legitima de governo constitua uma “pratica autoritária”. Excluído a “palavra de ordem” da implantação autoritária, levantada por setores do movimento docente e por correntes do movimento estudantil e que não teve maiores repercussões, o processo de implantação do ENEM seguiu as regras republicanas para realização de qualquer ação de governo. Pode-se afirmar ainda que a opção pelo ENEM recebeu aprovação majoritária dos conselhos de praticamente todas as universidades federais envolvidas. Alem disso a proposta do ENEM teve o apoio do movimento estudantil secundarista e da União Nacional de Estudantes.
Continuo considerando que a principal questão, a questão que avalio substantiva nesse debate é o fato de que o ENEM esta se propondo como um exame nacional para ingresso no sistema federal de ensino superior e como referencia para financiamento de vagas pelo Estado em instituições de ensino superior da rede particular. Portanto é nessa questão que deve se centrar o debate.
Outra questão também posta por essa primeira experiência é a da natureza da avaliação. Nessa primeira versão buscou-se seguir uma lógica de avaliação que segundo os seus formuladores favoreceriam aqueles que receberam uma formação no ensino médio qualitativa, menos mecânica e burocrática. Essa orientação tornando a disputa mais democrática o que abriria mais possibilidades ao estudante das escolas publica.
Todos os indicadores mostram que houve uma adesão em massa aos exames. Os índices de não comparecimento foram irrelevantes mesmo considerando-se os percalços surgidos com o adiamento das provas. A correção do exame obedeceu a prazos razoáveis e os resultados foram processados com rapidez. A tendência é que o exame nacional se consolide e que mais universidades federais utilizem o ENEM como critério principal para ingresso em seus cursos.
O ENEM é uma experiência ousada, bem sucedida.
Manoel F V Motta

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ENEM - O impacto sobre os cursinhos

Um dos setores mais insatisfeitos com a implantação do exame nacional para ingresso no sistema federal de ensino superior é o setor dos cursinhos preparatorios para vestibulares. Durante anos eles ajudaram jovens de classe media a entrar nas principais universidades federais desse pais. Não foi por acaso que eles estavam a frente dos setores que pediam que o ENEM não fosse implantado esse ano. Essa materia publicada no jornal do comercio revela exatamente o que eles temiam. Para eles estava evidente que não tinha como mudar a logica de preparação para um exame que apontava para um outro tipo de avaliação bem diferente do que vinha trabalhando até então.

MFVMotta

Da pagina de Economia do Jornal do Comercio

O cursinho foi reprovado

Publicado em 06.02.2010
Agora que os resultados do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) viram passaporte carimbado para o ingresso em pelo menos 51 universidades públicas do País, os donos da indústria de escolas de ensino privado se perguntam com será possível sobreviver a partir do evento quando os alunos treinados em suas salas de aulas não conseguiram as melhores colocações das universidades de seus Estados. E o mais grave: a maioria nem sequer conseguiu vaga.
Não foi apenas o sistema de acesso à universidade pública que mudou. Isso se deu no começo do ano com a elevação da importância do Enem pelo governo Lula. O que foi para o espaço esta semana foi o modelo de negócios em que ancora a indústria cujo faturamento é estimado em R$ 45 bilhões em 2008 e que simplesmente não podem mais garantir aos alunos de seus Estados a perspectiva de uma aprovação no topo da lista. Na verdade, eles já não podem mais nem oferecer a perspectiva de aprovação.
A pergunta é dramática para as empresas de ensino pois, a partir desta segunda-feira, milhares de país e alunos vão acordar se perguntando se vale apenas investir tanto dinheiro e esforço se a prova do Enem pode classificar um aluno de um outro Estado. E o que a escola vai dizer ao seu freguês diante de resultados tão pífios se comparados com os do ano passado. Tem mais: como ficará a moral dos alunos da rede pública que, nos últimos anos, chegavam às universidades públicas graças ao reforço gratuito dadas por professores cuja motivação era provar que o aluno da escola pública ainda podia sonhar com um diploma. E sem ter que recorrer às cotas.
» Escolas reconhecem desafio
O diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco, José Ricardo Diniz, reconhece que as escolas estão diante de um desafio e terão que reavaliar seu planejamento e estratégia de negócios quando o ano letivo já começou. Ele admite que os resultados obtidos vão suscitar uma série de debates porque o Enem tornou a disputa nacional. Ele adverte para os reflexos que o modelo terá nas universidades criadas no governo Lula, cujo foco era gerar novos pólos universitários no interior do País.
» Regionais
A questão das regionais é, certamente, a que mais provoca dúvidas. Instituições como a Univasf já não asseguram que os alunos residentes na região terão a chance de cursar uma universidade pública. Ou qual é o compromisso que um aluno emigrante terá com a região.
» Vocações
O governo Lula criou 13 novas universidades, cujo foco era abrir oportunidades e descentralizar a graduação, além de formar alunos em cursos com as vocações da região. O Enem mostrou alunos migrando para campus em cidades que nunca ouviram falar.
» Resultado ruim
No caixa das escolas privadas os resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) podem provocar um efeito devastador. Instituições que criaram suas marcas e montaram estruturas educacionais em função dos resultados nos exames das universidades locais já sabem que a safra 2010 não foi tão boa.
» Competição
O negócio terá que ser revisto. O aluno sabe que não disputa mais na cidade. Isso significa disputar não com três, mas com três mil. Na UFPE, pela primeira vez entre os 10 melhores, não tem um aluno de Medicina. O que dizer aos pais que investiram pesado para levar o filho a uma federal do Estado?
Cotas
reduzem
chances
O sistema deve provocar mudanças de abordagem, também, em relação às cotas. Além de disputar a vaga nacionalmente, o aluno de escola privada está vendo que só poderá disputar metade das vagas federais.
Competir
com rede
pública
Na prática, isso quer dizer que a diferença entre as notas poderá tornar a vaga inacessível. Além disso, as cotas poderão levar para universidades alunos da rede pública de outro Estados, desestimulando os alunos locais.
» Faturamento
O negócio cursinho virou um negócio bilionário, que evoluiu para escolas de segundo grau e universidades particulares. Os dados disponíveis revelam que ele é estimado em R$ 45 bilhões/ano. Mas o foco e toda a estratégia de marketing é para a competição no mercado local.
» Concentração
O novo cenário pode levar as grandes empresas a ter abordagens nacionais para competir nacionalmente. Megaredes com o discurso de aprovação em todos os Estados. E nesse caso, as empresas de Estados menores terão menos chances de aprovar seus alunos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ciro Gomes: as dificuldades das parcerias politicas com o PT

Lidar com seus parceiros sempre foi uma das maiores dificuldades do PT . Provavelmente devido a influencia exercida por uma de suas matrizes sociais e politicas: o pensamento social catolico pós vaticano segundo. A politica foi revestida de uma dimensão moral que fazia com o militante do PT se considerasse acima do bem e do mal. Essa postura é muito boa quando o adversario está fora do campo democratico. Foi o caso dos quadros da ditadura em seu ocaso. E quando o adversario está no campo democratico tenta-se empurra-lo para fora dele. Exemplo disso foi a palavra de ordem contra Arraes - "Pinochet de Pernambuco". Leviana e arrogante. Oito anos de um projeto bem sucedido de governo mostra o quanto os parceiros são fundamentais. Ciro tem razão, o projeto para ter continuidade é necessario parcerias solidas, negociadas. A adesão não pode ser automatica.

MFVMotta

Deu no blog do Noblat

Do blog do Jamildo:
O presidenciável Ciro Gomes disse agora há pouco, no Recife, depois de encontro com o governador Eduardo Campos, presidente do PSB, que o diferencial dele em relação à ministra Dilma é que ele é mais experiente do que a mãe do PAC.
"Isto se deve a minha experiência municipal, estadual e nacional e a circusntâncias políticas, mas não quer dizer que eu seja melhor do que ela".
Ciro também disse que apreendeu com os erros que cometeu e que esses erros fazem parte de uma experiência que Dilma não tem, numa referência à falta de experiência da ministra em eleições majoritárias.
Na entrevista que concedeu agora há pouco, Ciro Gomes afagou Lula, mas aproveitou os holofotes para bater no PT, mesmo que de forma dissimulada.
"O PT tem alguns cacoetes. Como a vocação hegemônica e a lógica de esmagar toda as forças a ele assemelhadas. Arraes e Brizola já experimentaram isto".
No Estado de Pernambuco, em 1989, os petistas chamavam o exgovernador Miguel Arraes de Pinochet de Pernambuco. Hoje, são aliados do neto no atual governo Eduardo.
"Mas isto não quer dizer que não sejamos parceiros. E parceiro não é aquele que diz amém"
Em outra farpa contra o PT de Lula, o ex-ministro da Integração Nacional disse que os aliados não são bem tratados.
"O PT está acostumado a tratar os seus parceiros como bucha de canhão. O PC do B é um exemplo. O partido é feito de gato, rato e sapato e hoje não tem direito de influenciar em nada. Queriam muito fazer isto com o PSB, mas Arraes nunca deixou. Queriam fazer com o PDT, mas o Brizola também nunca deixou."
"O PSB tem moral e independência para dizer o que é bom e ruim neste governo, sem que Ciro ninguém nos confunda com banda fisiológica, clientelista, adesista que está no governo, fruto do êxito do presidente Lula".
"E ninguém nos confundirá", acredita.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eleições 2010: O Cenario de Janeiro

Essa avaliação do sociologo Marcos Coimbra é uma analise lucida do cenario politico de janeiro mostrados nos resultados das pesquisas sobre tendencia do voto para as proximas eleições. O embate esta so começando e pelos dados do mes de janeiro ele não favorece a oposição. Não tenham duvidas Lula vai lutar muito para viabilizar seu projeto eleitoral : eleger a ministra Dilma sua sucessora na presidencia. E se possivel no primeiro turno

MFVMotta


Do Blog do Noblat

deu no correio braziliense

O Cenário de Janeiro

Janeiro terminou cheio de boas notícias para Lula, pensando no seu projeto principal, aquele ao qual dedica seu melhor esforço: dar a vitória a Dilma em outubro.
Nas duas pesquisas nacionais divulgadas nos últimos dias, os resultados são-lhe todos favoráveis: sua popularidade subiu, sua candidata melhorou, o principal adversário parou ou retrocedeu um pouco, aumentou a tendência à polarização.
A primeira foi feita pela Vox Populi entre os dias 14 e 26 e a segunda pela Sensus, entre os dias 25 e 29, as duas em janeiro. Nelas, não há nenhum resultado que surpreenda pelo ineditismo, tudo sendo coerente com o panorama que outras pesquisas, feitas no correr de 2009, já apontavam.
Elas apenas mostram que a passagem do tempo está contribuindo para provocar a situação desejada pelo presidente.
Ambas testaram duas hipóteses nas perguntas de intenção estimulada de voto, uma com e outra sem o nome de Ciro Gomes. Nos dados da Vox, Serra continua liderando, mas com vantagem significativamente menor.
Com Ciro na lista, Serra tem 34% e Dilma 27%, ele 11% e Marina 6%. Sem, Serra sobe para 38%, Dilma fica com 29% e Marina com 8%. Na Sensus, Serra teria 33% e Dilma 28%, ficando Ciro com 12% e Marina com 7%. No outro cenário, Serra 41%, Dilma 28% e Marina 10%.
Olhando para o que tínhamos há alguns meses, as mudanças são grandes. Não faz muito tempo, Serra reunia, sozinho, intenções suficientes para vencer a eleição em primeiro turno, ao fazer mais que a soma de seus oponentes.
Nessas pesquisas, mesmo no cenário sem Ciro, a possibilidade parece remota.
A dianteira de Serra sobre Dilma foi o que mais mudou. Na pesquisa anterior da Vox, feita em meados de dezembro, sua vantagem passava de 20 pontos percentuais, que se reduziram a 7% ou 9% agora.
Algo parecido acontece nos dados da Sensus, embora sua pesquisa anterior seja de novembro: a diferença entre os dois iria de 5%, com Ciro na lista, a 13%, sem ele.
O encurtamento da vantagem do governador em relação à ministra já tinha sido constatado em outras pesquisas feitas em dezembro. O Datafolha, por exemplo, havia indicado uma queda de 21 para 14 pontos entre agosto e o final de 2009, depois dela ter estado em 25% alguns meses antes.
As duas pesquisas concordam que a candidatura de Ciro se mantem em um patamar entre 10% e 15%, mais perto do limite de baixo que de cima dessa faixa. E ambas mostram que Serra é quem mais se beneficia da retirada de Ciro das listas, pois é quando seu nome delas consta que Serra se sai pior.
É fácil se confundir na interpretação desses resultados, deles deduzindo que “Dilma precisa de Ciro”. Trata-se, no entanto, de um equívoco, que decorre de não se considerar o nível de conhecimento muito desigual que ainda há entre os candidatos.
Serra e Ciro são os únicos que muitos eleitores conhecem, pois disputaram eleições nacionais, coisa que nem Dilma, nem Marina fizeram. A proporção dos que nunca sequer ouviram falar nelas permanece perto de 35%.
Quando essas pessoas consideram listas onde estão os nomes dos dois, optam, na maioria das vezes, por um ou outro. E, quando um sai, pelo que resta.
Ou seja, não é que “Ciro tira mais votos de Serra que de Dilma”, apenas que quem não conhece (ainda) Dilma ou Marina tende a ir para Serra quando só resta ele de conhecido. Isso fica aritmeticamente claro nos dados da Sensus:
Dilma permanece exatamente igual nos cenários com e sem Ciro, mostrando que, quando ele sai, ela não ganha (por enquanto) nem um ponto.
À medida, no entanto, que avançar o conhecimento das duas, o que vai acontecer mais rapidamente de agora para frente, esse efeito se reduzirá. Aí sim será possível falar alguma coisa sobre a transferência de votos de Ciro (ou qualquer outro candidato) para os demais. As pesquisas de agora nada dizem sobre esse fenômeno.
Com Ciro parado e Marina sem dar mostras de crescer, outro dos projetos de Lula para as eleições está se materializando. Tudo indica que teremos a polarização que ele sempre buscou, um embate PT vs. PSDB já no primeiro turno, em que ele tudo fará para que os eleitores confrontem seu governo ao do antecessor.
Ajudando a entender seus resultados eleitorais (e o que permitem antever), as pesquisas mostram que Lula sobe mais um degrau em um tipo de popularidade que não conhecíamos em nossa experiência como país democrático.
Há tempos se sabe que ele tem, atualmente, uma avaliação positiva quase consensual, mas é sempre surpreendente constatar que ela continua a melhorar. No final de janeiro, segundo os dados da Vox, 74% dos brasileiros achavam seu governo “ótimo” ou “bom”, ou seja, 3 em 4 pessoas. Como outros 20% consideram o governo “regular”, restam 6% para reprová-lo.
Com uma insatisfação desse porte, podemos ter uma ideia do tamanho do desafio que aguarda Serra.

Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi