As "fichas" são um problema no universo da vida politica desse pais ja ha muito e muito tempo. Primeiro eram as "fichas" ideologicas. aquelas preenchidas no DOPS e instituições similares que impediam que os "inimigos" do regime pudessem disputar qualquer eleição. Eram os tempos dos fichados como subversirvos. Condenados moral e politicamente a não ocupar nenhum cargo publico pelo voto. O tragico dessa historia é que essas interdições eram realizadas como sendo em defesa da democracia, democracia essa que demorou muitos anos e muitas lutas para começar a ser implantada. Agora são os tempos das novas fichas, da busca pelas fichas limpas, imaculadas. Quem sabe esse projeto das "fichas" ajude que o debate finalmente saia do campo moral e va para campo da politica.
MFVMotta
Ficha Limpa não deve pegar senadores
Pelo menos 31 senadores respondem a ações na Justiça, mas nenhum deve ficar inelegível devido ao projeto
Severino Motta. iG Brasília
O projeto Ficha Limpa, aprovado nesta terça-feira pela Câmara dos Deputados, não deve tornar nenhum senador inelegível caso seja aprovado no Senado e passe a valer para as eleições de 2010. De acordo com dados publicados no site da Transparência Brasil, 31 senadores respondem a processos na Justiça, mas nenhum teria sido condenado por órgão colegiado – exigência do Ficha Limpa para a inelegibilidade.
Entre os senadores há casos como o do ex-presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN) e de Raimundo Colombo (DEM-SC). O primeiro foi condenado em primeira instância por receber verba de gabinete referente a um mandato de deputado estadual após o término do exercício.
O segundo teria usado verbas das Centrais Elétricas de Santa Catarina repassadas à prefeitura de Lages para promover a festa nacional do Pinhão. As condenações esbarram em dois problemas. Além de terem sido em primeira instância, são fruto de ações populares, o que os deixa de fora da inelegibilidade proposta no projeto Ficha Limpa aprovado pela Câmara.
Para ficar inelegível – caso o texto não seja alterado pelo Senado – é preciso que a condenação seja feita por um órgão colegiado de juízes. Na maioria dos casos dos senadores (veja lista aqui), há inquéritos e ações penais ainda não julgadas, o que os mantém em condições de disputar uma eleição.
Na Câmara, onde segundo o levantamento da Transparência Brasil 202 deputados respondem a processos na Justiça, também há uma maioria que deve conseguir se manter na condição de candidato.
O deputado Jader Barbalho (PMDB/PA), por exemplo, responde a seis ações penais, uma ação civil pública e dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, em nenhum deles consta condenação, o que o deixa livre para concorrer à reeleição.
Quem também responde a uma gama de processos é o deputado Neudo Campos (PP-PR). Somente no STF são 10 ações penais e 10 inquéritos. Como não foi condenado em nenhum, também pode disputar as eleições.
A mesma sorte não teve o deputado Paulo Maluf (PP-SP). Caso o projeto Ficha Limpa seja aprovado pelo Senado dá mesma forma que chegou da Câmara, ele pode encontrar problemas para se candidatar.
Apesar de outras condenações, uma, do mês passado, onde foi acusado de superfaturamento na compra de frangos para merenda escolar da rede municipal de ensino, pode torná-lo inelegível pelas regras do Ficha Limpa.
Validade
Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), caso o projeto Ficha Limpa seja aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o dia 10 de junho, ele valerá para as eleições deste ano.
A matéria, contudo, deve ser debatida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É provável que candidatos barrados entrem com recursos na Justiça, e ela terá de decidir se a Ficha Limpa valerá ou não em 2010.
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quinta-feira, 13 de maio de 2010
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Disputa acirrada
Sem favoritismo em uma disputa que promete ser muito acirrada Essa é a minha opinião manifestada no portal www.rdnews.com.br em entrevista a reporter Patricia Sanches sobre os resultados da pesquisa ibope divulgada sabado 8 de maio sobre a eleição para governador em Mato Grosso deste ano. Tudo indica que , a não ser que exista profundas mudanças no quadro, o resultado em MT tende a ser bastante apertado. Aproveito para reafirmar que vejo como uma questão problematica essa intenção da candidatura Mauro Mendes de considerar que é possivel gerenciar os tres principais palanques de candidatura a presidencia em uma eleição que a cada dia caminha para ficar mais polarizada. Quero ver como ele e seus aliados vão lidar com o desafio dessa sofisticada engenharia politica
MFVMotta
Há muitos anos não há disputa tão acirrada como agora, diz analista
Patrícia Sanches
A disputa ao Palácio Paiaguás vai ser extremamente acirrada e não é possivel apontar favoritismo. A afirmação é do analista político Manoel Motta. Segundo ele, há muitos anos não se via um cenário tão indefinido como o que vem sendo confirmado pelos resultados das pesquisas de intenção de voto. Acredita que será possível saber quem tem mais chances de vencer o pleito apenas em agosto. "Uma coisa é certa. Não vai ser uma disputa simples como a que Blairo Maggi enfrentou. As coligações são amplas e vão continuar aparando divergências até o final do processo eleitoral", pontuou Motta, numa referência, por exemplo, às brigas existentes no PPS e PT.
Os petistas então divididos entre os grupos da senadora Serys Marly e o deputado federal Carlos Abicalil, que estão em pé de guerra. Serys defende apoio ao pré-candidato Mauro Mendes (PSB). Já Abicalil "bate duro" para que o PT fique com o governador Silval Barbosa (PMDB), que tenta a reeleição. O PPS está rachado entre Mendes e o ex- O PPS está rachado entre Mendes e o ex-prefeito da Capital Wilson Santos (PSDB). Os três vão disputar o Paiaguás e percorrem o Estado em busca de apoio político e dos eleitores.
Uma pesquisa estimulada feita pelo Instituto Ibope apontou nesta sexta (7) Silval como líder nas intenções de voto com 31%. Já Wilson, figura em segundo lugar com 27% e Mendes em último com 15%. Para o analista, o crescimento de Silval se deve a forte articulação política que o peemedebista tem feito junto a prefeitos e lideranças de todo o Estado. Ele acredita que o escândalo do suposto superfaturamento praticamente não abalou a imagem do governador que possui uma "raiz" diferente da "turma da botina", que seria a maior prejudicada. "Tudo isso colocou em xeque a ideia de que os empresários da turma da botina não precisavam usar o Estado, se apropriar indevidamente de recursos. Desgasta essa imagem e não a de Silval", avalia. Apesar disso, ele pontua que o peemedebista pode ser prejudicado dependendo do desenrolar dos fatos. Pondera ainda que é difícil saber se ASilval vai conseguir manter o ritmo de crescimento que teve até agora.
Numa rápida análise sobre o desempenho de Wilson, Manoel acredita que o crescimento dele depende principalmente do declínio de Mendes. "Caso Mauro continue crescendo, Wilson pode cair mais", avalia. Por outro lado, o cientista político fez questão de frisar que os eleitores mato-grossenses são bastante conservadores e que tendem a votar no presidenciável José Serra (PSDB) e são contra o PT. Os petistas nunca elegeram nenhum governador do Estado e a pré-candidatura de Serra deve ser bem articulada no Estado, o que fortalecerá o nome de Wilson ao Paiaguás. No próximo dia 15, Serra virá a Capital lançar Wilson ao governo. "Temos um eleitorado muito parecido com o de São Paulo e isso pode favorecer Wilson".
Já o desempenho de Mauro Mendes surpreendeu o especialista. Para ele, o empresário alcançou uma marca significativa ao obter 15% das intenções de voto. "Se o Mauro continuar crescendo assim, Wilson vai perder espaço", pontua. Apesar de ressaltar o crescimento do socialista, Manoel Motta, pondera que o fato dele estar em uma aliança com três palanques de presidente poderá prejudicá-lo. Apoiam o empresário o PV de Marina Silva, o PPS, que caminha com Serra, e o PSB dele que deve coligar com o PT de Dilma Rousseff. "Isso pode ser um complicador que fragilizará o nome dele ou até fortalecer sua candidatura. Tudo dependerá de como os eleitores vão ver essa aliança. A política não é uma ciência exata".
MFVMotta
Há muitos anos não há disputa tão acirrada como agora, diz analista
Patrícia Sanches
A disputa ao Palácio Paiaguás vai ser extremamente acirrada e não é possivel apontar favoritismo. A afirmação é do analista político Manoel Motta. Segundo ele, há muitos anos não se via um cenário tão indefinido como o que vem sendo confirmado pelos resultados das pesquisas de intenção de voto. Acredita que será possível saber quem tem mais chances de vencer o pleito apenas em agosto. "Uma coisa é certa. Não vai ser uma disputa simples como a que Blairo Maggi enfrentou. As coligações são amplas e vão continuar aparando divergências até o final do processo eleitoral", pontuou Motta, numa referência, por exemplo, às brigas existentes no PPS e PT.
Os petistas então divididos entre os grupos da senadora Serys Marly e o deputado federal Carlos Abicalil, que estão em pé de guerra. Serys defende apoio ao pré-candidato Mauro Mendes (PSB). Já Abicalil "bate duro" para que o PT fique com o governador Silval Barbosa (PMDB), que tenta a reeleição. O PPS está rachado entre Mendes e o ex- O PPS está rachado entre Mendes e o ex-prefeito da Capital Wilson Santos (PSDB). Os três vão disputar o Paiaguás e percorrem o Estado em busca de apoio político e dos eleitores.
Uma pesquisa estimulada feita pelo Instituto Ibope apontou nesta sexta (7) Silval como líder nas intenções de voto com 31%. Já Wilson, figura em segundo lugar com 27% e Mendes em último com 15%. Para o analista, o crescimento de Silval se deve a forte articulação política que o peemedebista tem feito junto a prefeitos e lideranças de todo o Estado. Ele acredita que o escândalo do suposto superfaturamento praticamente não abalou a imagem do governador que possui uma "raiz" diferente da "turma da botina", que seria a maior prejudicada. "Tudo isso colocou em xeque a ideia de que os empresários da turma da botina não precisavam usar o Estado, se apropriar indevidamente de recursos. Desgasta essa imagem e não a de Silval", avalia. Apesar disso, ele pontua que o peemedebista pode ser prejudicado dependendo do desenrolar dos fatos. Pondera ainda que é difícil saber se ASilval vai conseguir manter o ritmo de crescimento que teve até agora.
Numa rápida análise sobre o desempenho de Wilson, Manoel acredita que o crescimento dele depende principalmente do declínio de Mendes. "Caso Mauro continue crescendo, Wilson pode cair mais", avalia. Por outro lado, o cientista político fez questão de frisar que os eleitores mato-grossenses são bastante conservadores e que tendem a votar no presidenciável José Serra (PSDB) e são contra o PT. Os petistas nunca elegeram nenhum governador do Estado e a pré-candidatura de Serra deve ser bem articulada no Estado, o que fortalecerá o nome de Wilson ao Paiaguás. No próximo dia 15, Serra virá a Capital lançar Wilson ao governo. "Temos um eleitorado muito parecido com o de São Paulo e isso pode favorecer Wilson".
Já o desempenho de Mauro Mendes surpreendeu o especialista. Para ele, o empresário alcançou uma marca significativa ao obter 15% das intenções de voto. "Se o Mauro continuar crescendo assim, Wilson vai perder espaço", pontua. Apesar de ressaltar o crescimento do socialista, Manoel Motta, pondera que o fato dele estar em uma aliança com três palanques de presidente poderá prejudicá-lo. Apoiam o empresário o PV de Marina Silva, o PPS, que caminha com Serra, e o PSB dele que deve coligar com o PT de Dilma Rousseff. "Isso pode ser um complicador que fragilizará o nome dele ou até fortalecer sua candidatura. Tudo dependerá de como os eleitores vão ver essa aliança. A política não é uma ciência exata".
domingo, 25 de abril de 2010
A eleição presidencial 2010 e as atuais tendências
Analises como essa do professor Marcus Figueiredo do IUPERJ tem sido uma raridade no atual momento politico da luta eleitoral para a presidencia. Transcrevo aqui no blog os trechos de seu artigo que mostra suas considerações a partir da leitura que fez do resultado das pesquisas realizadas pelos principais institutos do país. Uma analise como a dele, nesses tempos ainda de paixões exarcerbadas, que procura mostrar com objetividade os dados da realidade e procura compreender as tendencias reveladas por esses dados é como apontei acima uma raridade. Vale a pena ler e refletir sobre o que ele considera relevante no atual processo de disputa.
MFVMotta
"Quem for identificado como o pai dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a disputa"
Marcus Figueiredo, especial para o iG 25/04/2010 07:56
"A eleição presidencial que se avizinha tem algumas características importantes. É a primeira pós-88 sem a presença de Lula como candidato. Desde 1989, Lula se apresentou como oposição à hegemonia liberal-conservadora que sempre governou o país, com o interregno do Presidente João Goulart, 1962-64.
Os dois mandatos do presidente Lula que se encaminham para terminar deixarão como legado um ciclo virtuoso com forte viés nacionalista-desenvolvimentista mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista (nos dois mandatos) e do regime militar, por terem sido altamente conservadores. O que lhe dá esta marca, mais à esquerda, são o viés em favor das classes mais baixas através das políticas de desenvolvimento social e uma política econômica de rígido controle monetário, para o controle da inflação, da mesma forma que caracterizou os partidos sociais-democráticos europeus. Por esta razão Lula mantém recorde de popularidade e o PT tornou-se o mais preferido junto ao eleitorado, independentemente de seus seguidores terem consciência ideológica desta natureza.
Mais do que uma conversão ideológica, os “descamisados” que votaram em Collor, contra os “marajás”, e depois em Fernando Henrique Cardoso, pela estabilidade econômica com o Real, em 2006 votaram em Lula, pelo crescimento econômico e pela ascensão social – leia-se queda na taxa de desigualdade.
Neste clima de otimismo o eleitorado vem declarando nas pesquisas sua preferência em votar na continuidade, onde mais de 50% já declararam estar disposto a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade, posto que em nenhuma das 20 pesquisas já publicadas, desde fevereiro de 2008, nenhuma delas fez a pergunta, simples: quem representa a continuidade?
Esta questão no cenário político-eleitoral é de fundamental importância. Estando o clima de opinião centrado na continuidade o discurso da mudança não tem chance de cativar a maioria dos eleitores. Da mesma forma que em 2002, o clima de opinião era pela mudança a continuidade, de FHC, não teve chance. Naquela eleição, José Serra terminou com 38% dos votos, apesar de em sua propaganda ter centrado seu discurso na mudança ele era identificado pelo eleitorado como representante da continuidade de FHC.
A terceira característica dessa eleição está, neste momento eleitoral, na alta taxa de competição política entre as candidaturas de Serra e Dilma, mais do que na competição eleitoral propriamente dita, o que mostrarei mais adiante.
Desde fevereiro de 2008 e durante todo o ano de 2009 os nomes de ambos fazem parte das pesquisas e do noticiário político como “virtuais” candidatos. Esta confirmação deu-se ao final de março quando ambos se descompatilizaram de suas funções executivas para se candidatarem, como manda a lei.
A partir do momento em que Lula apresentou Dilma como sua candidata o PSDB movimentou-se em torno dos nomes de Serra e Aécio. As disputas políticas tanto no PT quanto no PSDB foi intensa e a disputa ente os dois partidos, também intensa, produziram farto material no noticiário político, tendo seu ponto alto, ao final de 2009, quando Fernando Henrique desafiou Lula para o confronto entre os dois governos. Desafio aceito por Lula. Este confronto aberto virá mais adiante, depois de junho quando as candidaturas estiverem oficializadas perante o TSE. Por enquanto este confronto está no âmbito do noticiário político e em poucos eventos, como os dos lançamentos oficiosos das duas candidaturas ao final de março.
Apesar disto, já é perfeitamente fácil de identificar a natureza política dos dois discursos que estarão em disputa.
A candidatura de Dilma já construiu seu discurso pela continuidade, que é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula) – acrescentar a frase “mais e melhor” é pura retórica. O discurso da candidatura Serra segue raciocínio quase idêntico: o ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC, portanto o governo Lula passa a ser o “filho bastardo” que nega a herança. Acrescentar a frase “mais e melhor” a este ciclo virtuoso é pura retórica.
Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político, a divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o pai do sucesso, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a eleição.
Comparando com as máximas das eleições americanas temos: nos Estados Unidos, o sucesso na economia e na guerra garante a eleição; entre nós, as máximas estabelecidas pelas eleições de FHC e Lula foram o sucesso na economia e na ascensão social. A eleição de Collor teve um efeito extraordinariamente excelente: para os “descamisados” os “salvadores da pátria” não têm mais vez, são pura empulhação.
Eleitoralmente, comparando as pesquisas mais recentes – da Sensus, do Datafolha e Ibope, podemos observar que as intenções de voto apuradas indicam uma situação de tendências ao empate técnico entre Dilma e Serra. "
Neste momento político as variações apontadas pelos diferentes institutos só servem para gerar manchetes e reportagens jornalísticas, pois o eleitorado entrou na fase crítica de “ponto de espera”: um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível.
Como se diz no jargão dos pesquiseiros, “o jacaré ainda não fechou a boca”. Se as simulações estatísticas aqui demonstradas valem alguma coisa para projetar cenários futuros, estes apontam uma ligeira tendência a favor da candidatura Dilma, posto que ela tem, a demais, do seu lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso que experimentos – a economia e o desenvolvimento social.
Marcus Figueiredo é professor adjunto do IUPERJ - Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro
MFVMotta
"Quem for identificado como o pai dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a disputa"
Marcus Figueiredo, especial para o iG 25/04/2010 07:56
"A eleição presidencial que se avizinha tem algumas características importantes. É a primeira pós-88 sem a presença de Lula como candidato. Desde 1989, Lula se apresentou como oposição à hegemonia liberal-conservadora que sempre governou o país, com o interregno do Presidente João Goulart, 1962-64.
Os dois mandatos do presidente Lula que se encaminham para terminar deixarão como legado um ciclo virtuoso com forte viés nacionalista-desenvolvimentista mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista (nos dois mandatos) e do regime militar, por terem sido altamente conservadores. O que lhe dá esta marca, mais à esquerda, são o viés em favor das classes mais baixas através das políticas de desenvolvimento social e uma política econômica de rígido controle monetário, para o controle da inflação, da mesma forma que caracterizou os partidos sociais-democráticos europeus. Por esta razão Lula mantém recorde de popularidade e o PT tornou-se o mais preferido junto ao eleitorado, independentemente de seus seguidores terem consciência ideológica desta natureza.
Mais do que uma conversão ideológica, os “descamisados” que votaram em Collor, contra os “marajás”, e depois em Fernando Henrique Cardoso, pela estabilidade econômica com o Real, em 2006 votaram em Lula, pelo crescimento econômico e pela ascensão social – leia-se queda na taxa de desigualdade.
Neste clima de otimismo o eleitorado vem declarando nas pesquisas sua preferência em votar na continuidade, onde mais de 50% já declararam estar disposto a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade, posto que em nenhuma das 20 pesquisas já publicadas, desde fevereiro de 2008, nenhuma delas fez a pergunta, simples: quem representa a continuidade?
Esta questão no cenário político-eleitoral é de fundamental importância. Estando o clima de opinião centrado na continuidade o discurso da mudança não tem chance de cativar a maioria dos eleitores. Da mesma forma que em 2002, o clima de opinião era pela mudança a continuidade, de FHC, não teve chance. Naquela eleição, José Serra terminou com 38% dos votos, apesar de em sua propaganda ter centrado seu discurso na mudança ele era identificado pelo eleitorado como representante da continuidade de FHC.
A terceira característica dessa eleição está, neste momento eleitoral, na alta taxa de competição política entre as candidaturas de Serra e Dilma, mais do que na competição eleitoral propriamente dita, o que mostrarei mais adiante.
Desde fevereiro de 2008 e durante todo o ano de 2009 os nomes de ambos fazem parte das pesquisas e do noticiário político como “virtuais” candidatos. Esta confirmação deu-se ao final de março quando ambos se descompatilizaram de suas funções executivas para se candidatarem, como manda a lei.
A partir do momento em que Lula apresentou Dilma como sua candidata o PSDB movimentou-se em torno dos nomes de Serra e Aécio. As disputas políticas tanto no PT quanto no PSDB foi intensa e a disputa ente os dois partidos, também intensa, produziram farto material no noticiário político, tendo seu ponto alto, ao final de 2009, quando Fernando Henrique desafiou Lula para o confronto entre os dois governos. Desafio aceito por Lula. Este confronto aberto virá mais adiante, depois de junho quando as candidaturas estiverem oficializadas perante o TSE. Por enquanto este confronto está no âmbito do noticiário político e em poucos eventos, como os dos lançamentos oficiosos das duas candidaturas ao final de março.
Apesar disto, já é perfeitamente fácil de identificar a natureza política dos dois discursos que estarão em disputa.
A candidatura de Dilma já construiu seu discurso pela continuidade, que é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula) – acrescentar a frase “mais e melhor” é pura retórica. O discurso da candidatura Serra segue raciocínio quase idêntico: o ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC, portanto o governo Lula passa a ser o “filho bastardo” que nega a herança. Acrescentar a frase “mais e melhor” a este ciclo virtuoso é pura retórica.
Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político, a divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o pai do sucesso, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje ganhará a eleição.
Comparando com as máximas das eleições americanas temos: nos Estados Unidos, o sucesso na economia e na guerra garante a eleição; entre nós, as máximas estabelecidas pelas eleições de FHC e Lula foram o sucesso na economia e na ascensão social. A eleição de Collor teve um efeito extraordinariamente excelente: para os “descamisados” os “salvadores da pátria” não têm mais vez, são pura empulhação.
Eleitoralmente, comparando as pesquisas mais recentes – da Sensus, do Datafolha e Ibope, podemos observar que as intenções de voto apuradas indicam uma situação de tendências ao empate técnico entre Dilma e Serra. "
Neste momento político as variações apontadas pelos diferentes institutos só servem para gerar manchetes e reportagens jornalísticas, pois o eleitorado entrou na fase crítica de “ponto de espera”: um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível.
Como se diz no jargão dos pesquiseiros, “o jacaré ainda não fechou a boca”. Se as simulações estatísticas aqui demonstradas valem alguma coisa para projetar cenários futuros, estes apontam uma ligeira tendência a favor da candidatura Dilma, posto que ela tem, a demais, do seu lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso que experimentos – a economia e o desenvolvimento social.
Marcus Figueiredo é professor adjunto do IUPERJ - Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro
sábado, 24 de abril de 2010
Ciro Gomes
Hoje o noticiario politico esta carregando de frases e informações sobre a desistencia de Ciro Gomes de sua candidatura a presidencia. Até agora não entendi o que aconteceu. Na minha avaliação ele acenou que seria candidato ao governo de São Paulo no momento em que transferiu seu titulo para aquele Estado. Ainda que reafirmasse que seria candidato a presidencia não fechou as portas para uma possivel candidatura ao governo de São Paulo. Como continuou a so bater no cravo e esqueceu de bater na ferradura sua possibilidade de sair candidato por São Paulo acabou ficando, pelo menos até agora, inviabilizada.
Certamente seria ele o unico candidato com uma retórica capaz de enfrentar os tucanos de alta plumagem encastelados no governo de São Paulo. Sem uma liderança de massa em São Paulo capaz de elaborar um discurso de enfrentamento aos tucanos paulistas o PT vai enfrentar dificuldades para disputar o governo do estado e ampliar o palanque de Dilma.
Com a saida de Ciro da corrida presidencial o desenho da nuvem da politica brasileira vai tomando o formato plebiscitario antevisto pelo presidente Lula.
Certamente seria ele o unico candidato com uma retórica capaz de enfrentar os tucanos de alta plumagem encastelados no governo de São Paulo. Sem uma liderança de massa em São Paulo capaz de elaborar um discurso de enfrentamento aos tucanos paulistas o PT vai enfrentar dificuldades para disputar o governo do estado e ampliar o palanque de Dilma.
Com a saida de Ciro da corrida presidencial o desenho da nuvem da politica brasileira vai tomando o formato plebiscitario antevisto pelo presidente Lula.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
VESPERAS
Começou a temporada de escandalos estourando no colo de governistas. Em Mato Grosso insinua-se mais uma vez que Valdebram Padilha age sob o comando de Abicalil, Alexandre Cesar e agora tambem de Silval Barbosa, no recente escandalo da FUNASA. Essa de considerar que todos os governos tem seu mar de lama é uma tradição da cultura politica brasileira de oposição. Da UDN lacerdista ao PT de Lula em todas as vesperas de eleições mergulhava-se adversarios e desafetos no mar de lama da corrupção politica e economica.
MFVMotta
MFVMotta
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Sub Tucano
Essas declarações de Freire a Karol Garcia e a nota de Antonio Carlos Maximo reforçam o que provavelmente deverá ser o caminho do PPS em MT. Com certeza vão estar no palanque de Serra e na provincia qualquer amor vale a pena. Até as convenções tem muito chão a ser percorrido.
Freire insiste em PPS junto com PSDB
Da Agência Pauta Pronta
Defensor da dobradinha “Serra-Aécio” para a disputa presidencial deste ano, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, afirmou em entrevista, via microblog Twitter, nesta quinta-feira que a tendência do PPS apoiar a candidatura do tucano Wilson Santos, prefeito de Cuiabá, na disputa ao Governo do Estado Mato Grosso tem crescido em função do apoio em âmbito nacional do PPS ao PSDB.
“Existe essa tendência, mas não creio que esteja decidida essa aliança com o Wilson Santos”, postou Freire quando questionado sobre linha a ser adotado pelos socialistas em Mato Grosso.
Atualmente existem duas correntes dentro do PPS, uma que defende Santos ou que prefere caminhar com Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso e pré-candidato pelo PSB. Inclusive, o presidente do PPS no Estado, deputado estadual Percival Muniz, foi quem praticamente lançou a candidatura de Mendes.
Por meio do Twitter, Freire é um dos que mais distribui o manifesto pela chapa Serra/Aécio, encabeçado pelo poeta Ferreira Gullar. Com isso, de acordo com Freire, será natural em Mato Grosso o apoio socialista ao tucano, caso se confirme a candidatura de Wilson Santos ao Governo do Estado, já que o prefeito de Cuiabá tem disputado espaço com o senador democrata Jayme Campos.
O manifesto enaltece sobremaneira os governadores de São Paulo e Minas Gerais, José Serra e Aécio neves, respectivamente, apontando que “nos cargos públicos que ocuparam, e ao longo dos anos, deram demonstração de competência, vocação pública e de compromisso com mudanças. Para dirigir o Brasil não precisam apresentar credenciais, já estão prontos, pois são o resultado do que tem de melhor a experiência política nacional nos últimos 20 anos”.
Ainda conforme o Manifesto, a chapa “também simbolizaria a união de dois grandes estados - São Paulo e Minas Gerais - para a construção de um novo pacto federativo, reclamado pelas regiões e demais estados brasileiros”.
Karol Garcia
Freire insiste em PPS junto com PSDB
Da Agência Pauta Pronta
Defensor da dobradinha “Serra-Aécio” para a disputa presidencial deste ano, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, afirmou em entrevista, via microblog Twitter, nesta quinta-feira que a tendência do PPS apoiar a candidatura do tucano Wilson Santos, prefeito de Cuiabá, na disputa ao Governo do Estado Mato Grosso tem crescido em função do apoio em âmbito nacional do PPS ao PSDB.
“Existe essa tendência, mas não creio que esteja decidida essa aliança com o Wilson Santos”, postou Freire quando questionado sobre linha a ser adotado pelos socialistas em Mato Grosso.
Atualmente existem duas correntes dentro do PPS, uma que defende Santos ou que prefere caminhar com Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso e pré-candidato pelo PSB. Inclusive, o presidente do PPS no Estado, deputado estadual Percival Muniz, foi quem praticamente lançou a candidatura de Mendes.
Por meio do Twitter, Freire é um dos que mais distribui o manifesto pela chapa Serra/Aécio, encabeçado pelo poeta Ferreira Gullar. Com isso, de acordo com Freire, será natural em Mato Grosso o apoio socialista ao tucano, caso se confirme a candidatura de Wilson Santos ao Governo do Estado, já que o prefeito de Cuiabá tem disputado espaço com o senador democrata Jayme Campos.
O manifesto enaltece sobremaneira os governadores de São Paulo e Minas Gerais, José Serra e Aécio neves, respectivamente, apontando que “nos cargos públicos que ocuparam, e ao longo dos anos, deram demonstração de competência, vocação pública e de compromisso com mudanças. Para dirigir o Brasil não precisam apresentar credenciais, já estão prontos, pois são o resultado do que tem de melhor a experiência política nacional nos últimos 20 anos”.
Ainda conforme o Manifesto, a chapa “também simbolizaria a união de dois grandes estados - São Paulo e Minas Gerais - para a construção de um novo pacto federativo, reclamado pelas regiões e demais estados brasileiros”.
Karol Garcia
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Padrão Etico
"...fica em xeque o padrão ético de militantes de esquerda que desembarcaram em Brasília em 2003 para salvar o país."
Essa frase pinçada do editorial do jornal O Globo do dia 25/02/2010 expressa o que considero como a face mais perversa e cretina do pensamento consevador brasileiro. Nela está contida, quase que explicitamente, a ideia de que os militantes de esquerda formam um bloco homogeneo com um proposito politico tambem homogeneo. Impermeavel e consistente como uma rocha dura. Um bloco monolitico sem contradições. É verdade que parte significativa da esquerda participa de uma concepção messianica, salvacionista da sociedade. Será que existia mesmo essa expectativa de que um governo de esquerda poderia salvar o pais. Isso para alem da retorica e do entusiamo do momento da vitoria. Quem com um minimo de lucidez ousaria imaginar que um governo de esquerda seria formado por uma legião de homens e mulheres acima do bem e do mal, compondo um padrão etico que "salvasse" o pais. É melhor acreditar em contos de fada.
Essa frase pinçada do editorial do jornal O Globo do dia 25/02/2010 expressa o que considero como a face mais perversa e cretina do pensamento consevador brasileiro. Nela está contida, quase que explicitamente, a ideia de que os militantes de esquerda formam um bloco homogeneo com um proposito politico tambem homogeneo. Impermeavel e consistente como uma rocha dura. Um bloco monolitico sem contradições. É verdade que parte significativa da esquerda participa de uma concepção messianica, salvacionista da sociedade. Será que existia mesmo essa expectativa de que um governo de esquerda poderia salvar o pais. Isso para alem da retorica e do entusiamo do momento da vitoria. Quem com um minimo de lucidez ousaria imaginar que um governo de esquerda seria formado por uma legião de homens e mulheres acima do bem e do mal, compondo um padrão etico que "salvasse" o pais. É melhor acreditar em contos de fada.
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