quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Juventude e Participação Política

O processo de aprofundamento da democracia política no Brasil tem permitido à sociedade a possibilidade de participação pelo voto na definição de dois dos poderes republicanos: o legislativo e o executivo. Essa possibilidade de participação na escolha de quem vai ocupar esses poderes vem permitindo que um número expressivo de jovens seja incluído nesse processo. Essa inclusão se dá não só pelo voto, mas também pela presença desses jovens nas organizações políticas. Essa participação certamente é expressão do engajamento deles na luta política. Se isso procede, de algum modo esses jovens têm, ou estão formando, uma consciência política que os distinguem daqueles que estão fora desse espaço de organização política. Essa possibilidade de participação institucional na política cresce na medida em que as regras de participação se consolidam com a existência de um calendário regular de eleições. É provável que tenha também influencia nesse processo a possibilidade do voto aos dezesseis anos e a estabilidade do movimento estudantil pós – ditadura.
A emergência da participação política da juventude é um fenômeno que pode ser observado a partir da década de sessenta do século vinte. O marco sendo considerado o ano de 1968 quando em todo mundo ocorreram varias rebeliões em que a participação da juventude foi sua principal marca. Maio de 1968 na França, os protestos contra a Guerra do Vietnã nos Estados Unidos, o massacre dos estudantes no México, os acontecimento da Primavera de Praga tiveram na juventude o seu principal protagonista político.
No Brasil foram também os jovens estudantes que protagonizam em 1968 os eventos mais significativos de oposição à ditadura militar instalada no pais desde o golpe militar de março de 1964. Dois episódios destacam nesse período: o primeiro é a chamada passeata dos 100.000 organizada em protesto ao assassinato do estudante Edson Luiz e o segundo é a queda do Congresso da UNE na cidade de Ibiúna em São Paulo. A partir de então se pode afirmar que durante a ditadura militar o movimento de juventude conhece três fases. A primeira é da entrada nas organizações que procuram combater a ditadura através da luta armada e que atravessa todo o Governo Médici (1969/1974). A segunda fase é a do Governo Geisel (1974/1978) quando timidamente vai se iniciar uma aproximação dos jovens aos movimentos sociais que combatem a ditadura. O terceiro período vai do final do governo do Geisel até o movimento das diretas já que vai marcar o fim da ditadura militar em 1985 com a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso Nacional. Nessa última fase da ditadura é ampla a participação da juventude. São dessa fase a luta pela reorganização do movimento estudantil, da participação nas oposições sindicais e na organização dos partidos políticos.
Após o fim da ditadura, a participação da juventude terá grande visibilidade em dois grandes momentos da luta política na fase inicial de redemocratização da sociedade brasileira: voto aos dezesseis anos e o “impeachment” do presidente Collor. Ainda que a mobilização para o voto aos dezesseis tenha sido mais restrita ao movimento estudantil sua inclusão no processo eleitoral expressa a institucionalização de uma proposição de participação política juvenil. A participação da juventude no movimento que culminou na renuncia do presidente e cassação de seus direitos políticos por oito anos, provavelmente, foi a ocasião que mobilizou e levou para as ruas o maior numero de jovens. Depois desse processo da mobilização pelo “impeachment” não ocorreu mais nenhuma grande manifestação juvenil de massa.
Na medida em que a democracia vai se consolidando a participação política dos jovens vai ficando mais institucionalizada. O movimento estudantil continua sendo um espaço privilegiado em que boa parte dos jovens inicia suas atividades políticas. O mesmo não se dando com o movimento sindical que não vem conseguindo mobilizar significativamente a juventude para suas lutas.
O que chama atenção nesses últimos anos da vida política é a existência nos partidos políticos de juventudes organizadas. É importante observar que os partidos, independente de sua orientação política e ideológica, vêm organizando suas juventudes, Eles constituem uma minoria entre os filiados dos partidos embora costumem ser uma minoria ativa e participante. São esses jovens que acabam ocupando os lugares institucionais em Conselhos e Secretarias de Juventude que estão sendo organizados pelas diversas instancias de poder do Estado nessa primeira década do século.
A presença desses jovens nesses espaços institucionais da política repõe a questão da formação da sua consciência. Jovens protagonistas que tem origem nos mais diferentes lugares sociais, com situações econômicas marcadas por profundas desigualdades, desafiam nossa compreensão do significado de todo esse processo. São infinitas as possibilidades abertas para participação política da juventude no Brasil nesse começo de século. Em uma sociedade plural e democrática é fundamental procurar entender o que mobiliza os jovens para ação social e a luta política.

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