domingo, 22 de novembro de 2009

Sucessão em Mato Grosso: a terceira via

Entre os cenários desenhados para a sucessão em Mato Grossa em 2010 um deles é uma distante irreal e fantasmagórica miragem política: a terceira via. Continuo afirmando, desde muito tempo, que a sucessão em MT a partir da divisão do estado tem sido resultado de um esforço de articulação política que tem gerado um consenso que tornou imbatível o ator político que conseguiu realizar esse consenso em torno dele. Foi assim com Bezerra, foi assim com Jaime, foi assim com Dante e foi assim com Maggi. A exceção e a quase exceção se deu sempre com Julio Campos . A exceção em 1982 quando o quadro nacional favoreceu uma disputa com o PMDB do padre Pombo em que Julio saiu vitorioso. A quase exceção ocorreu em 1998 com o processo de reeleição de Dante em que o ex-governador saiu derrotado. Falo que foi uma quase disputa porque os três grandes interlocutores da época Julio, Dante e Bezerra não conseguiram se entender aqui na província. Os três pertenciam a base do governo Fernando Henrique e estavam apoiando sua reeleição . Mesmo assim saíram rachados. O que possibilitou que Dante fosse reeleito no primeiro turno favorecido pelo modo atabalhoado como Julio e Bezerra encaminharam sua aliança e por sua boa imagem no quadro local e nacional. Quase não houve disputa.
Em não havendo consenso, e tudo indica que dessa vez será quase impossível articular esse consenso no quadro atual , ‘a disputa deverá ocorrer entre os dois grandes blocos de forças políticas articulados com os blocos nacionais de governo e oposição. Isto é a candidatura apoiada por Lula e sua rede de partidos aliados e a candidatura do PSDB, DEM, PPS e mais uma meia dúzia de partidos satélites que vão orbitar em torno da candidatura de oposição. Fora disso participam as candidaturas ideológicas, à esquerda e a direita, que vão dar o tempero democrático as eleições e que acabam contribuindo para que exista um segundo turno. No Mato Grosso não será diferente.Esse argumento de que uma terceira via não teria muita chance eleitoral no estado se evidencia quando se analisa as dificuldades que as lideranças articuladoras dessa opção teriam que enfrentar para viabilizá-las . A primeira delas diz respeito ao quadro nacional, pois se é verdadeiro que as eleições nacionais tendem a se polarizar em torno de uma candidatura de governo e outra de oposição como essa terceira via conseguirá fugir dessa polarização. Já se foi o tempo em que as candidaturas locais conseguiam armar dois ou três palanques nacionais, como o grande palanque de Dante em 1994, em que coube Brizola, FHC e Lula.Não considero que isso seja mais possível. Outra dificuldade que uma terceira via irá enfrentar é o de financiamento da campanha. Quem com os limites e os rigores da legislação de financiamentos de campanha vai querer bancar, pra valer, apenas por razões ideológicas, por amor a cidadania, uma chapa com muito poucas chances de chegar ao governo. Um ultimo argumento é o que tem sido levantado em diversas ocasiões pelo Deputado Percival Muniz a de que faltaria “musculatura” política ao projeto. Essa expressão sendo utilizada no sentido de que os partidos e os grupos envolvidos não estão suficientemente organizados em todo o estado para enfrentar as estruturas de poder e de organização política e econômica dos blocos do governo e de um bloco forte de oposição.
Na medida em que a democracia política vai se consolidando no Brasil, com eleições a cada dois anos, a tendência é que os projetos eleitorais viáveis se apóiem cada vez mais em instituições partidárias bem estruturadas e em muita, muita mesmo, articulação política. O que faz com que torne-se cada vez mais dificil a possibilidade de estruturar uma terceira via capaz de se viabilizar politica e eleitoralmente. Essa logica fundamental em uma democracia politica é o que importa para que possam existir governos solidos legitimados pelo voto.

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