sábado, 28 de novembro de 2009

Fatos e Factóides

Qual o peso dos fatos e factóides na definição do voto. Certamente que deve pesar de algum modo e dependendo do contexto em que ocorram pode ate ser decisivo. Empiricamente acredito que mesmos as pesquisas mais rigorosas não conseguem verificar esse impacto com exatidão. No meu entendimento o que vem ocorrendo no Brasil é o aparecimento de uma consciência política que emerge do exercício regular da pratica do chamado sufrágio universal. Pode até parecer uma idealização do voto das grandes massas. Pode ser. Entretanto uma observação mais cuidadosa dos processos eleitorais no país aponta nessa direção. Da primeira eleição geral pós-ditadura, que elegeu Fernando Collor de Melo em 1989, ao processo da segunda eleição de Lula em 2006. Essa consciência política emergente é quem de maneira decisiva irá se pronunciar em 2010. O que indicaria como tendência que os fatos e factóides não serão determinantes na decisão do eleitorado.
Vejo e ouço. Nos diversos canais midiáticos o esforço cotidiano de formação dessa consciência. É a velha luta política que segue o seu passo. Durante esses seis sete anos de governo do presidente Lula e seus aliados a sociedade interagiu com praticas e ações de governo que serão julgadas, pode-se afirmar a grosso modo, em sua totalidade. Ainda que essa totalidade seja complexa e que a massa não tenha dela uma leitura consciente e critica. Fossemos nos orientar pelos fatos e factóides do dia a dia a oposição nem precisaria disputar eleição. Ela já estaria eleita por antecipação.
Exemplos de fatos e factóides existem por ai aos borbotões. Para ficarmos apenas nos últimos acontecimentos dessas duas ou três semanas quero destacar aqui dois fatos um nacional e outro local e um grande factóide nacional. E aqui já adianto o que penso que será sua conseqüência eleitoral, na pratica, basicamente nenhuma.
O fato nacional foi o “apagão” ocorrido algumas semanas atrás quando praticamente todo o país ficou algumas horas as escuras por conta de um problema no sistema nacional de energia. Pelo modo como foi tratado esse fato foi um golpe mortal na candidatura apoiada pelo presidente Lula.
O outro fato, esse que abalou o nosso arraial aqui de Mato Grosso, foi a pixotada da secretaria de administração e da UNEMAT que não deram contar de tocar o mega concurso publico do estado, protagonizando um grande vexame de repercussão nacional. A indignação sendo tão profunda que a candidatura governista deverá ser massacrada por esse motivo nas próximas eleições.
O terceiro é o recente factóide em que Cezar Benjamim, um desses raivosos personagens que na juventude fizeram o caminho da luta armada contra a ditadura, de maneira leviana e canalha, acusa Lula de ter na prisão assediado sexualmente um jovem militante do MEP(Movimento de Emancipação do Proletariado) . Não importa se o que vem contado no factóide é verdadeiro ou falso. O que impressiona é o tom maledicente, venenoso, malicioso do que foi dito. A intenção é sem duvida massacrar a imagem do outro. E nesse caso pela biografia do autor do artigo isso fica mais do que evidenciado. E não resta duvida, ainda que não esteja explicitamente declarado, o objetivo é influenciar na definição do resultado eleitoral.
Ainda que esses fatos e factóide sejam a delicia de marqueteiros, analistas, jornalistas, blogueiros e blogueiras do país, a importância para definição do resultado eleitoral, não tenho duvida, é pífia, insignificante. E aqui quero insistir no argumento de que na medida em que o processo em curso de institucionalização da atividade e da ação política na sociedade brasileira favorece programas e partidos estruturados. Não é sem razão que o noticiário político vem mostrando as marchas e contramarchas dos encontros e desencontros dos atores políticos que buscam definir os campos em que participarão do processo. Existe uma pauta em debate e quem não estiver posicionado em relação a ela vai encontrar dificuldades em se afirmar nesse processo. É em uma sociedade em que a democracia política passa por um momento vivo e que caminha para sua consolidação, politização e conscientização são as próximas palavras de ordem do processo eleitoral.

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